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EUA ameaçam cortar ajuda se a ONU fizer críticas

Advertência foi feita durante uma reunião na missão dos EUA na primeira semana de mandato de Trump

Por Jamil Chade , Correspondente e Genebra
Atualização:

O governo de Donald Trump colocou pressão sobre a ONU e obrigou mudanças até mesmo na direção de algumas organizações. O Estado apurou com exclusividade que uma das agências da ONU foi chamada para uma reunião na missão dos EUA e recebeu um recado claro: “não duvide do que a Casa Branca pode fazer contra vocês se não gostar de uma declaração”. 

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O encontro, que chocou os funcionários da entidade, ocorreu ainda na primeira semana de mandato de Trump. Na condição de anonimato, uma das funcionárias relatou à reportagem o tom da conversa e a surpresa da agência ao receber a ameaça. A ordem era clara: uma crítica aberta às políticas de Trump significaria um contra-ataque por parte da Casa Branca, colocando em risco a sobrevivência de certos programas sociais.

No Alto-Comissariado da ONU para Refugiados, os EUA representam quase metade do orçamento de US$ 3,6 bilhões. Dos US$ 5 bilhões de orçamento do Programa Mundial de Alimentação da ONU, US$ 2 bilhões vêm dos EUA. A Casa Branca banca 28% dos programas da Organização Internacional de Migrações e 29% do orçamento das operações de paz. 

A ameaça seguiu a mesma linha adotada pela nova embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley. Trump já havia indicado que poderia se retirar de tratados internacionais e cortar alguns financiamentos a programas da ONU em até 40% se não atendessem seus objetivos de política externa.

O novo secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, declarou nesta terça-feira, sem mencionar os EUA, que os “países têm o direito e mesmo a obrigação de administrar suas fronteiras para evitar a infiltração de terroristas”. Ele, no entanto, indicou que isso não pode ocorrer com base na religião ou nacionalidade do viajante. Guterres advertiu que a medida pode disseminar o ódio e também manifestou preocupação com os refugiados.