19 de maio de 2009 | 14h32
A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, anunciou nesta terça-feira, 19, uma doação de US$ 110 milhões para ajudar os refugiados pelos combates no noroeste do Paquistão, assegurando que o país vive uma "verdadeira crise humanitária". A chefe da diplomacia americana ainda elogiou a "mudança nacional de atitude" do governo contra o Taleban com a ofensiva militar contra os extremistas.
Durante entrevista coletiva, Hillary afirmou que a maior parte da verba doada ao Paquistão sairá do Departamento de Estado, complementada pelo Pentágono. Os US$ 100 milhões somam-se aos US$ 70 mi que os EUA já anunciaram no ano passado como ajuda humanitária. Segundo Hillary, ajuda o país não é somente uma obrigação humanitária, mas um imperativo para a segurança nacional. Nesse sentido, a secretária reforçou o apelo para que a comunidade internacional ajude os refugiados pelos combates entre os insurgentes e as forças paquistanesas. "O avanço do extremismo é uma ameaça contra a nossa segurança", afirmou.
Segundo Hillary, os EUA demonstram com a verba doada que a Casa Branca "está decidida a fazer com que suas palavras correspondam aos seus atos". No total, US$ 20 milhões serão usados para a aquisição de geradores, tendas de acampamento e equipamento de primeiros auxílios. Outros US$ 58 mi serão usados na compra e envio de alimentos. Um centro de emergências humanitárias receberá US$ 12 mi, e outros US$ 10 mi serão usados para atender pedidos de emergência emitidos pela ONU.
1,5 mi de refugiados
O Paquistão se apressava nesta terça-feira para ajudar os refugiados que fogem da ofensiva militar contra o Taleban no Vale do Swat, noroeste do país. O êxodo de cerca de 1,5 milhão de pessoas ocorre numa velocidade e tamanho que, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) pode rivalizar com o deslocamento causado pelo genocídio de Ruanda.
O desafio humanitário ocorre no momento em que militares dizem que mais de 30 militantes e soldados morreram nas tentativas de reconquistar cidades importantes do Vale do Swat e entraram em confronto com insurgentes nas proximidades da fronteira afegã. O general Nadeem Ahmed, que lidera o grupo que tem a tarefa de lidar com os refugiados paquistaneses, disse que o governo tinha farinha e outros tipos de alimentos em quantidade suficiente para os desalojados, mas que são necessárias doações de ventiladores e de biscoitos energéticos. Ele também disse que os refugiados vão precisar de dinheiro e transporte quando houver segurança para voltarem para suas casas. Um "campo não é uma substituição para o lar", disse Ahmed, acrescentando que há pelo menos 22 campos de refugiados em operação.
Os Estados Unidos elogiaram a operação militar paquistanesa no Vale do Swat e em distritos próximos. As ações são realizadas em meio a pressões norte-americanas para eliminar esconderijos da Al-Qaeda e do Taleban ao longo da fronteira com o Afeganistão. Militantes nesses locais ameaçam as tropas dos Estados Unidos e as da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão e o próprio futuro do Paquistão, dizem oficiais norte-americanos.
As tropas se envolveram em confrontos nas cidades de Matta e Kanju e perto de uma ponte estratégica, além de combater militantes na área de Piochar, a fortaleza do chefe taleban Maulana Fazlullah no Swat, segundo um comunicado militar. Dezesseis militantes e quatro soldados foram mortos e 16 militares ficaram feridos, disse Said.
O Paquistão diz que mais de mil militantes foram mortes desde que a ofensiva começou, no final de abril. É impossível verificar esses números porque jornalistas não podem entrar na zona de guerra. Não há informações sobre mortes de civis, mas refugiados afirmam que eles ocorreram.
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