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EUA apóiam cúpula com Irã e Síria para discutir Iraque

Convite do governo iraquiano resultou em uma guinada surpreendente na posição dos EUA, que vinha resistindo em participar de encontro com os dois países

Por Agencia Estado
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Em uma surpreendente mudança de rumo, o governo dos Estados Unidos, em parceria com o iraquiano, lançou nesta terça-feira, 27, uma nova iniciativa diplomática que incluirá um convite ao Irã e à Síria para um "encontro de vizinhos" sobre a estabilização do Iraque. A estratégia, que havia sido antecipada horas mais cedo pelo chanceler iraquiano, foi anunciada pela secretária de Estado americana, Condoleezza Rice. A decisão reflete uma nova abordagem da administração Bush para a crise, uma vez que o governo americano vinha resistindo aos pedidos de membros do Congresso para que o Irã e a Síria fossem incluídos nos diálogos de paz sobre o Iraque. Damasco e Teerã são acusados de dar apoio aos grupos insurgentes que atuam no país árabe com o envio de armas e pessoal. "Esperamos que esses governos aproveitem a oportunidade para melhorar sua relação com o Iraque e trabalhar pela paz e estabilidade na região", disse Condoleezza durante uma sessão da Comissão de Apropriação do Senado que discutiu a ampliação dos fundos destinados à guerra. A secretária de Estado acrescentou que a iniciativa diplomática visa costurar mais apoios no Oriente Médio para o estabelecimento da paz e da prosperidade do Iraque. Condoleezza disse ainda que os Estados Unidos e o Iraque concordaram que o sucesso no país após quatro anos de guerra "requer o apoio positivo das nações vizinhas" Tensões em alta Nas últimas semanas, a administração Bush vinha intensificando suas críticas ao papel do Irã no Iraque, acusando a república islâmica de armar insurgentes. A Síria, por sua vez, foi criticada por supostamente abrigar forças contrárias ao governo iraquiano e permitir que armas passassem por suas fronteiras. O anúncio de Condoleezza também acontece em um momento em que os Estados Unidos estão engajados em sua última confrontação com Irã. Washington acusa a República Islâmica de desenvolver um programa secreto de armas nucleares - o que é negado com veemência por Teerã. Um prazo dado pela ONU para que o Irã encerrasse seu programa de enriquecimento de urânio foi desrespeitado por Teerã na semana passada. Em resposta, os EUA pressionam o Conselho de Segurança da ONU para que sanções mais duras sejam impostas ao regime dos aiatolás. Posição americana Sobre o encontro de vizinhos, Condoleezza destacou tratar-se de um convite feito pelo Iraque, e que os Estados Unidos apenas apóiam a estratégia. Na Casa Branca, o secretário de imprensa Tony Snow disse que a administração está "feliz que o governo do Iraque tenha tomado os passos para que engajar seus vizinhos. Nós esperamos que o Irã e a Síria tenham papéis construtivos durante as negociações". O governo do Iraque anunciou em Bagdá que irá preparar o encontro para o meio de março, e que representantes da Liga Árabe dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança - EUA, Rússia, China, Reino Unido e França - também foram convidados. Ainda segundo Condoleezza, o encontro será em nível subministerial, e deverá ser seguido por um encontro de alto escalão com os mesmo países convidados, mais os membros do G8 (grupo dos sete países mais industrializados mais a Rússia).

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