EUA aumentam contingente no Golfo e governo iraquiano parece não se preocupar

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Por Agencia Estado
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Um assessor do presidente do Iraque, Saddam Hussein, diminuiu neste domingo a importância de pedidos para que o Iraque coopere mais com os inspetores de armas da Organização das Nações Unidas (ONU), que passaram o dia revistando uma fábrica de mísseis, armazéns da força aérea e outras instalações em busca de armas de destruição em massa. Os assessores da presidência iraquiana continuam a acusar os inspetores de atuarem como espiões, mas o gabinete de governo de Saddam parece não preocupar-se com um ataque. Segundo a imprensa local, numa reunião realizada hoje discutiu-se o problema dos marreteiros em Bagdá e a questão do alojamento para estudantes estrangeiros no país. Enquanto isso, o secretário norte-americano de Defesa (Pentágono), Donald H. Rumsfeld, assinou na sexta-feira em Washington ordens para envio de 62 mil soldados para o Golfo Pérsico, dobrando o contingente do país na região (estimado em 50 mil homens). O Pentágono também deslanchou uma campanha por correio eletrônico incentivando civis e militares iraquianos a rejeitarem o regime de Saddam Hussein. Inicialmente Rumsfeld havia destacado 35 mil homens, inclusive duas grandes unidades da Marinha, na maior mobilização de tropas norte-americanas desde que os EUA começaram no mês passado a preparar suas forças para uma possível guerra ao Iraque. Esse número inclui 7 mil fuzileiros navais da base de Camp Lejeune, na Carolina do Norte, que já embarcaram em três navios na sexta-feira. Entretanto, apenas horas depois, altos funcionários revelaram que o secretário autorizara a convocação de mais 27 mil soldados, na maioria de unidades do Exército e da Força Aérea. Com isso, o número de homens no Golfo passará a ser de 107 mil. De acordo com fontes no Pentágono, o contingente total que poderá ir para a região poderia ser de 200 a 250 mil militares. Um dos membros mais moderados do governo britânico, a ministra de Desenvolvimento Internacional, Clare Short, argumentou hoje que a Grã-Bretanha não deveria participar de um ataque unilateral americano contra o Iraque e que é o dever do país agir para conter os EUA. A posição de Clare Short reflete a crescente preocupação no Partido Trabalhista, liderado pelo primeiro-ministro Tony Blair, sobre a possibilidade de uma ação militar. Blair pretende viajar para Washington logo após o chefe dos inspetores de armas da Organização das Nações Unidas (ONU), Hans Blix, apresentar no dia 27 um relatório completo sobre os dois primeiros meses de vistoria no Iraque. A viagem seria para convencer Bush a dar mais tempo aos inspetores. Entidades britânicas contrárias a um ataque anunciaram hoje que lançarão uma campanha contra a guerra. Enquanto isso, em Los Angeles, nos EUA, cerca de 5 mil pessoas, entre as quais o ator Martin Sheen, protestaram contra os planos de guerra.

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