EUA autorizam mulher iemenita a entrar no país para despedir-se de filho à beira da morte

Família de Abdullah Hassan, de 2 anos, alegava que veto imposto pelo governo Trump aos imigrantes de alguns países de maioria muçulmana impedia que Shaima Swileh viajasse para os EUA, onde ele está internado há mais de cinco meses

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WASHINGTON - O Departamento de Estado dos EUA emitiu um visto de entrada nesta terça-feira, 18, para Shaima Swileh, mãe iemenita de um menino de 2 anos internado na UTI de um hospital de Oakland, no Estado americano da Califórnia, afirmou o Conselho para as Relações Islâmico-Americanas (CAIR, em inglês) à emissora CNN.

Mais cedo, nesta terça, o pai da criança havia informado que sua mulher tinha recebido um telefonema e sido convocada para a embaixada americana no Cairo, onde ela mora. Espera-se que Shaima embarque no primeiro voo para os EUA, disse Basim Elkarra, diretor da regional do CAIR no Vale de Sacramento.

Ali Hassan beija o filho Abdullah, de 2 anos, internado em hospital nos EUA e cuja mãe estava impedida de entrar no país Foto: Council on American-Islamic Relations, Sacramento Valley

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A história de Abdullah Hassan veio à tona no fim de semana depois que vários jornais americanos noticiaram que a família estava impossibilitada de se reunir em território americano em razão do veto imposto pelo governo Trump aos imigrantes de alguns países de maioria muçulmana.

A criança nasceu no Iêmen com uma rara doença no cérebro que inicialmente afetava sua capacidade motora, mas que piorou rapidamente - atualmente, o menino não consegue sequer respirar por conta própria. 

Ali Hassan, de 22 anos, pai de Abdullah, é cidadão americano e vive na cidade californiana de Stockton. Ele o internou no UCSF Benioff Children’s Hospital, em Oakland, há cerca de cinco meses e os médicos dizem que o paciente não deve viver por muito tempo.

Ali afirmou no domingo ao jornal americano San Francisco Chronicle que a família está pronta para desligar os aparelhos que mantêm a criança viva, mas gostaria de permitir que a mãe do menino pudesse se despedir dele. "A única coisa que ela deseja é segurar a mão dele uma última vez", afirmou Hassan ao Chronicle, no domingo. "Se eu pudesse tirá-lo do respirador e colocá-lo em um avião, eu o levaria até ela. Eu permitira que ela o visse. Mas ele não sobreviveria."

"Nossos corações estão partidos pela história dessa família", disse o advogado do CAIR, Saad Sweilem, antes de o governo Trump autorizar a entrada da mulher iemenita no país. "A perda de uma criança é algo que nenhum pai deveria vivenciar, mas não poder estar presente nos últimos momentos do seu filho é incrivelmente cruel."

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Em nota enviada à emissora CNN, o hospital disse simpatizar com o desejo da família da criança. "UCSF Benioff Children’s Hospital apoia o desejo da família de se reunir nos últimos dias de Abdullah. Enquanto isso, estamos fazendo tudo que podemos para manter a criança confortável e ajudá-los nessa difícil experiência", informou a instituição.

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