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EUA buscam apoio árabe para atacar Saddam

Por Agencia Estado
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Iniciou-se uma semana importante para a cruzada internacional contra o terrorismo e para o conflito que se converteu num inferno no Oriente Médio. Os Estados Unidos, de um lado, e os países árabes, de outro, estão preparando novas estratégias que, em alguns casos, serão confrontadas numa mesma mesa de debate. Após um período de incertezas, a Casa Branca deu sinal verde para duas missões para que foram designados, respectivamente, o vice-presidente, Dick Cheney, e o ex-general dos fuzileiros navais Anthony Zinni. Cheney está trabalhando para delinear uma nova operação militar contra o Iraque, com vistas a impedir o programa de desenvolvimento de armas de destruição massiva, e derrubar Saddam Hussein. Zinni tem a missão de jogar água no conflito do Oriente Médio. Mas o denominador comum de ambos é a luta contra o terrorismo internacional. Cheney começou por Londres, aonde chegou nesta segunda, sua primeira viagem ao exterior desde que assumiu a vice-presidência. A Grã-Bretanha continua a ser o principal aliado de Washington, e Tony Blair é o único líder europeu que apóia o projeto de um novo ataque militar contra Bagdá, embora enfrente uma forte oposição no seio de seu próprio partido, o Trabalhista. Em seguida, Cheney visitará 11 países do Golfo e do Oriente Médio, com o objetivo de obter o consentimento para uma operação contra Saddam Hussein. É provável que, em troca, faça algumas concessões no conflito palestino. A Casa Branca sempre tentou evitar uma vinculação entre os dois temas e, por isso, pressionou constantemente o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, a não aumentar demais o tom da guerra. A escalada da violência obrigou o governo americano a mudar sua estratégia, sobretudo depois das pressões internacionais e por causa dos próprios árabes. Os pedidos de Washington a Sharon deram resultados imediatamente: o primeiro-ministro israelense cancelou as condições preliminares impostas até agora para dialogar com os palestinos e anunciou nesta segunda-feira que seu inimigo Yasser Arafat poderá abandonar o confinamento em Ramallah, onde está há 98 dias. Sharon cedeu porque não pode pôr em perigo o apoio americano, sobretudo agora que também no plano interno sua posição parece muito mais fraca. Em um ano de governo, Sharon não conseguiu nem paz e nem segurança para seu povo. Os Estados Unidos fazem novamente a proposta de um plano batizado com o nome do diretor da CIA George Tenet, que prevê a revogação do bloqueio imposto aos palestinos e a retirada das tropas israelenses em troca do compromisso da Autoridade Nacional Palestina (ANP) de bloquear todos os ataques contra Israel. Mas Zinni enfrenta uma situação muito pior do que suas missões anteriores, ambas fracassadas. Agora cresceram o ódio e a desconfiança de ambas as partes, e correu muito sangue, enquanto os extremistas dos dois lados parecem fora de controle. Enquanto isso, os países do Golfo mais próximos a Washington pressionam para que o presidente George W. Bush lhes dê algum sinal concreto sobre o plano de paz proposto pela Arábia Saudita. Ou seja, não obstante Washington tentar separar a questão do Oriente Médio do problema iraquiano, o governo dos EUA pode ver-se obrigado a aceitar que agora uma linha sutil, com o nome de Saddam Hussein, vincule uma questão à outra. Mesmo que não seja mais do que uma tentativa para conseguir consenso para o plano contra o líder iraquiano, George W. Bush diz querer atacar Saddam Hussein para completar o trabalho deixado pela metade por seu pai, dez anos atrás.

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