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EUA conduzem primeira execução federal de uma mulher em décadas

Desde a retomada, em julho, das execuções federais nos EUA, após um hiato de 17 anos, 10 homens receberam a pena de morte

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Por Redação
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WASHINGTON - Os Estados Unidos executaram, nesta quarta-feira, 13, uma mulher que assassinou uma grávida para roubar seu bebê, a primeira execução federal de uma mulher em quase 70 anos, em um dos últimos atos da presidência de Donald Trump. "Lisa Montgomery, de 52 anos, foi executada na Penitenciária Federal de Terre Haute", no Estado de Indiana, às 3h31 (hora de Brasília), anunciou o Departamento de Justiça em um comunicado.

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Montgomery, que em 2004 matou uma mulher grávida para ficar com seu bebê, recebeu uma injeção letal "de acordo com a pena capital recomendada por unanimidade por um júri federal e imposta pela Corte Distrital" do Missouri. Pouco antes, a Suprema Corte havia rejeitado os últimos recursos interpostos pelos advogados da mulher, apesar da discordância de seus três magistrados progressistas.

Segundo a defesa, sua cliente sofria graves transtornos mentais em decorrência de agressões e estupros coletivos que sofreu na infância e não compreendia o significado de sua sentença, condição essencial para sua execução. 

Imagem de arquivo de Lisa Montgomery, condenada em 2007 por matar grávida e roubar seu bebê Foto: Attorneys for Lisa Montgomery via AP

Um juiz federal ordenou a suspensão da execução na segunda-feira a pedido da defesa, mas o Departamento de Justiça apelou da decisão e um tribunal de apelação anulou a decisão na terça-feira

A Suprema Corte dos Estados Unidos, perante a qual dois recursos diferentes foram apresentados, deu razão em ambos os casos aos advogados da administração Trump.

Em 2004, Montgomery, incapaz de ter um novo filho, identificou sua vítima - uma criadora de cães - na internet e foi até sua casa no Missouri com a desculpa de comprar um terrier. Em vez disso, ela a estrangulou, abriu seu útero, pegou o bebê - que sobreviveu - e deixou a jovem de 23 anos em uma poça de sangue.

Trump, um defensor ferrenho da pena de morte, ignorou uma petição de clemência apresentada por apoiadores de Montgomery.

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A União Europeia "lamenta profundamente" a execuação, declarou o porta-voz da diplomacia europeia, Peter Stano.

Dez homens executados

Desde a retomada, em julho, das execuções federais nos EUA, após um hiato de 17 anos, 10 homens receberam a pena de morte. E, além de Montgomery, o governo Trump planeja executar dois afro-americanos esta semana: Corey Johnson, na quinta-feira, e Dustin Higgs, na sexta.

Mas, nesses casos, há incerteza após a decisão de um tribunal federal de bloquear suas execuções. Os dois condenados à morte contraíram recentemente covid-19 e a injeção letal poderia lhes causar sofrimento ilegal, consideraram os juízes.

Ex-agentes penitenciários de Terre Haute, por sua vez, escreveram ao secretário de Justiça interino, Jeffrey Rosen, pedindo-lhe que adiasse essas execuções "até que os funcionários da prisão sejam vacinados contra a covid-19".

Uma execução exige que dezenas de pessoas permaneçam em um ambiente fechado, um ambiente propício à disseminação do vírus. Por esse motivo, os Estados suspenderam as execuções por meses. 

A posição do governo Trump vai no sentido contrário, desejando prosseguir com as execuções o mais rápido possível antes de deixar o poder. "Nas últimas horas da presidência de Trump, há uma corrida para executar pessoas que estão no corredor da morte (federal) há anos ou mesmo décadas. É uma loucura", denunciou o senador democrata Dick Durbin na rádio pública NPR, na segunda-feira. /AFP

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