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EUA contam com Sarkozy para acalmar Oriente Médio

Por Gilles Lapouge
Atualização:

O presidente Nicolas Sarkozy adora John Wayne, Marilyn Monroe e Elvis Presley. Os EUA, estupefatos com o fato de um francês amar a América, apressaram-se para pedir a esse sujeito extraordinário que ajudasse George W. Bush a acalmar esse tão complicado Oriente Médio. O embaixador dos EUA em Paris, Craig Stapleton, não perdeu tempo. Disse esperar que a França "use seu gênio diplomático, contribuindo para uma solução". Em primeiro lugar está o Irã, com o frenético presidente Mahmud Ahmadinejad e seu avanço em busca do poderio nuclear militar. Esta semana, David Brooks, do New York Times, disse que os EUA bombardearão o Irã antes do fim do mandato de Bush. Diante de Sarkozy, em Mount Vernon, Bush contemporizou. Quer convencer o Irã a renunciar ao poder nuclear pela diplomacia. Influência da França? Talvez. Sarkozy preconiza a negociação e não os bombardeios. O tempo urge. No dia 25, novas sanções americanas contra o Irã entram em vigor. O principal alvo são os grupos petrolíferos iranianos controlados pelos Guardiães da Revolução, extremistas. As empresas petrolíferas instaladas no Irã, como a Shell, a francesa Total e a italiana ENI, que concluíram com o Irã acordos de grandes projetos, decidiram congelar os contratos. Outro alvo das sanções é financeiro. Os EUA apelam principalmente aos Emirados Árabes, que servem de trânsito financeiro para as importações do Irã. Os Emirados já fecharam 42 empresas que mantêm negócios com o Irã. Washington atacou o banco central iraniano, suspeito de facilitar a compra de material nuclear. O banco tem enormes ativos (US$ 1,4 bilhão) nos EUA, Paris, Hamburgo e Londres. Os clientes do banco foram advertidos por Washington. A França pode ajudar os EUA no caso dos países árabes moderados. Pode agir para convencê-los a se afastar do Irã e seus delírios. Mas no Oriente Médio tudo está ligado, o que torna difícil desfazer esse nó. Não é por acaso que Teerã respalda o Hezbollah e o Hamas: é para se contrapor aos esforços de Washington e Paris para afastar do Irã os árabes moderados, pois a causa palestina é cara até para os países próximos do Ocidente. É o caso também dos discursos malucos de Ahmadinejad, quando diz que quer "suprimir Israel". É uma tática para atrair os países árabes respeitáveis, já que o ódio de Israel é a argamassa que liga os loucos de Teerã e os árabes racionais. Enfim, existe o problema do Afeganistão. A França incrementará sua participação contra o Taleban e a Al-Qaeda? "Ela vai manter-se enquanto for preciso", disse Sarkozy. Quanto aos detalhes, ele silencia: "Veremos!" *Gilles Lapouge é correspondente em Paris

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