EUA cortam 40% da ajuda militar ao Paquistão

Casa Branca reduz em US$ 800 milhões o auxílio enviado por ano às Forças Armadas de Islamabad

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Por Gustavo Chacra
Atualização:

CORRESPONDENTE / NOVA YORK - Os Estados Unidos suspenderão 40% da ajuda financeira às forças militares do Paquistão. A decisão anunciada ontem pela Casa Branca agrava ainda mais a crise nas relações entre Washington e Islamabad, que vêm se deteriorando especialmente depois da ação americana para matar Osama bin Laden, líder da Al-Qaeda, em território paquistanês, há mais de dois meses.  

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Ao todo, seriam US$ 800 milhões a menos por ano, de um total de cerca de US$ 2 bilhões que o governo americano fornece às Forças Armadas do Paquistão em uma parceria iniciada há dez anos, de acordo com reportagem do New York Times.

O corte é uma reação à decisão paquistanesa de expulsar instrutores militares americanos e a outras medidas restritivas a diplomatas com base em Islamabad, e também pretende pressionar o governo do Paquistão a combater com mais eficiência militantes ligados a grupos terroristas.

"A relação com o Paquistão é complicada e precisamos trabalhá-la ao longo do tempo. Até superarmos estas dificuldades, congelaremos parte do dinheiro dos contribuintes americanos que seria direcionado a eles", disse William Daley, chefe de gabinete da Casa Branca, em entrevista à rede de TV ABC. Além da ajuda militar, os americanos contribuem com US$ 1,5 milhão para órgãos civis do governo em Islamabad.

O Paquistão afirmou não ter sido notificado sobre a suspensão da ajuda e o general Athar Abbas chegou a ironizar os americanos, dizendo que o Paquistão não precisa do dinheiro. "Conduzimos nossas operações militares contra extremistas sem ajuda", declarou o militar, que serve como um porta-voz do Exército do país.

O general Ashkaf Kayani, principal autoridade militar do Paquistão, acrescentou que a ajuda econômica dos Estados Unidos deveria, na verdade, ser direcionada ao governo civil, que estaria precisando mais do dinheiro. O ex-ministro do Interior do Paquistão Moinuddin Haider disse que os Estados Unidos deveriam rever a decisão. "Isso apenas aumentará o antiamericanismo no país", afirmou.

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Nos últimos dias, além das medidas tomadas contra militares e diplomatas americanos com base no Paquistão, o governo de Islamabad ficou irritado com a declaração de Mike Mullen, chefe das Forças Armadas dos Estados Unidos, acusando a ISI (agência de inteligência paquistanesa) de estar por trás da morte do jornalista investigativo Saleem Shahzaad, em maio.

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