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EUA cortam ajuda financeira a países da América Central

Honduras, Guatemala e El Salvador devem ‘fazer mais’ para evitar migração, diz Casa Branca; região recebeu US$ 1,3 bi em dois anos

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Por Redação
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WASHINGTON - A Casa Branca defendeu neste domingo, 31, a decisão do governo de Donald Trump de cortar a ajuda financeira a três países da América Central - Honduras, Guatemala e El Salvador - ao dizer que essas nações precisam "fazer mais" para impedir que os imigrantes entre nos Estados Unidos.

"Se temos que dar centenas de milhões de dólares para esses países, eles precisam fazer ainda mais", afirmou o chefe de gabinete da Casa Branca, Mick Mulvaney, em entrevista à CNN. "Não é uma proposta insensata. Isso pode evitar em grande parte tudo o que acontece na fronteira sul impedindo que essas pessoas entre no México (para depois tentar ir aos EUA)", completou.

Salvador, imigrante de El Salvador, carrega sua filha Kaela - ao lado de outras pessoas que buscam abrigo nos EUA - depois de cruzarem ilegalmente o Rio Grande na cidade de Penitas, no Texas Foto: REUTERS/Adrees Latif

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Trump fez da luta contra a imigração ilegal, originada principalmente na América Central, uma das prioridades de seu governo, prometendo construir um muro na fronteira mexicana para impedir o acesso a seu país - na prática, no entanto, falta verba para financiar essa medida.

Na semana passada, o presidente havia retomado as ameaças de fechar a passagem com o país vizinho e as críticas ao três países centro-americanos que agora deixarão de receber apoio de Washington.

"Honduras, Guatemala e El Salvador receberam muito dinheiro nosso durante anos e não fizeram nada", escreveu o presidente americano, na sexta, em sua conta no Twitter.

Na noite de sábado, o Departamento de Estado anunciou o fim do programa de assistência ao Triângulo do Norte como feito nos últimos dois anos, sem precisar quanto da verba alocada e não gasta nessa região deixará, de fato, de ser empenhada.

"A pedido do secretário de Estado (Mike Pompeo) estamos implementando a diretiva do presidente de pôr fim aos programas de assistência estrangeira para o Triângulo do Norte para os exercícios orçamentários 2017 e 2018", apontou um porta-voz do Departamento de Estado.

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A medida reverte um compromisso firmado por Washington e México em dezembro, quando ambos decidiram realizar grandes investimentos em Honduras, Guatemala e El Salvador, e também no sul do México, justamente para prevenir as ondas migratórias.

Nos últimos dois anos, os Estados Unidos destinaram US$ 1,3 bilhão a América Central como parte da ajuda oficial para o desenvolvimento, a maior parte a estes três países.

"Se está funcionando tão bem, porque as pessoas continuam chegando (aos EUA)? Por que temos esses números históricos - só neste mês, 100 mil pessoas cruzaram a fronteira", destacou Mulvaney. "É uma crise, uma crise humanitária, uma crise em termos de segurança."

Depois da iniciativa do governo Trump, Honduras propôs ontem a Guatemala e El Salvador que avaliem a criação de iniciativas conjuntas para "cuidar da soberania e dignidade de cada nação", segundo comunicado divulgado pela chancelaria do país.

"Com relação às políticas contraditórias das agências do governo dos Estados Unidos e dos distintos poderes do Estado, Honduras propõe aos países vizinhos de El Salvador e Guatemala que, enquanto são resolvidas as discrepâncias internas sobre cooperação regional, avaliem conjuntamente as iniciativas no Triângulo do Norte", afirma a nota. / AFP