EUA criticam expansão militar 'secreta' da China

Para o Pentágono, falta de transparência pode levar a desentendimentos e aumenta o risco de conflitos

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WASHINGTON - Um novo relatório do Departamento de Defesa dos EUA afirma que a China está reforçando seu Exército em segredo. Para o Pentágono, esta situação é perigosa, por dar margem a interpretações erradas e aumentar os riscos de conflitos. O relatório anual, divulgado nesta terça-feira, 17, observa ainda que a China aumentou sua vantagem militar sobre Taiwan. O documento não traz dados surpreendentes ou desconhecidos, mas confirma as preocupações do governo americano sobre o crescimento acelerado do poderio militar chinês. Segundo o relatório do Pentágono, a China vem renovando seu arsenal de mísseis baseados em terra, expandindo sua força submarina e modernizando suas forças nucleares. O documento diz que a China tem 1.150 mísseis balísticos de curto alcance e um número desconhecido de mísseis de médio alcance. Ainda de acordo com o materialo, bilhões de dólares em gastos militares foram feitos longe dos olhos do público. "A transparência limitada nas questões militares e de segurança na China aumenta a incerteza e eleva o potencial de mal-entendidos e de má interpretação", diz o texto. Exercícios militares Comentários recentes de comandantes militares chineses mostram reclamações sobre exercícios militares de larga escala conduzidos em conjunto pelos EUA e pela Coreia do Sul. Eles questionaram uma suposta política americana de "cerco" que ameaçaria os interesses principais da China. As autoridades chinesas também criticaram o que consideram uma interferência indevida dos EUA em um desses interesses principais do país, a reivindicação chinesa sobre grande parte do Mar da China Meridional. A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, recentemente declarou em uma cúpula regional no Vietnã que apoiava as reivindicações não-Chinesas sobre a região marítima. Washington também realizou recentemente uma semana de visitas e exercícios de treinamento conjunto com o Vietnã. Os EUA estão ainda iniciando uma nova rodada de exercícios conjuntos com a Coreia do Sul, descritos como "puramente defensivos". Os contatos militares entre Washington e Pequim foram suspensos, e as autoridades chinesas se negam a encontrar o secretário da Defesa americano, Robert Gates. Alcance crescente O Pentágono sugere que as compras militares chinesas mostram um crescente aumento do alcance chinês para além de suas fronteiras e para além de Taiwan. "O balanço das forças militares no estreito (de Taiwan) continua a se alterar em favor do continente (a China)", diz o relatório, observando que isso ocorre apesar da melhoria das relações econômicas da China com Taiwan. Segundo o documento, a China "já está olhando para situações além de Taiwan", citando as obras de desenvolvimento para mísseis de longo alcance que poderiam atingir o Pacífico. "As atuais tendências nas capacidades militares da China são um grande fator de mudança para o balanço militar do Leste Asiático e podem dar à China uma força capaz de conduzir uma variedade de operações militares na Ásia muito além de Taiwan", diz o relatório. O texto afirma que esse alcance poderia ir além dos limites tradicionais de Okinawa, no Japão, e do Mar da China Meridional, até Guam, Japão e Filipinas.

 

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Em março deste ano, a China disse que aumentaria seu orçamento de defesa em 7,5%, para 532,1 bilhões de yuans (cerca de R$ 138 bilhões), menos do que o usual aumento anual de dois dígitos. O orçamento militar anual dos Estados Unidos é de US$ 700 bilhões (cerca de R$ 1,23 trilhão). O Pentágono diz querer manter um diálogo com a China para evitar "más interpretações" entre os dois países no campo militar.

 

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