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EUA dão primeiro passo para liberar bens norte-coreanos

Ação é parte das exigências para que Pyongyang continue desarmamento

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira, 14, que tomou os primeiros passos para liberar os bens norte-coreanos congelados em um banco de Macau, no sul da China. A ação é parte das exigências de Pyongyang para dar prosseguimento a um acordo para o desarmamento nuclear da nação comunista. Em uma decisão de dois estágios, o Departamento do Tesouro americano informou que está rompendo os laços entre o Banco Delta Ásia e o sistema financeiro dos Estados Unidos devido às suspeitas de que o grupo lavava dinheiro para a Coréia do Norte. Ao mesmo tempo, entretanto, o departamento deve divulgar um guia para ajudar reguladores estrangeiros a identificar se os donos das contas no banco são de alto ou baixo risco. Com esse documento, Macau poderá liberar parte do dinheiro norte-coreano que está congelado no banco. O Banco Delta Ásia retém cerca de US$ 25 milhões em bens norte-coreanos congelados, segundo o departamento. A retenção desses valores tem sido um dos principais argumentos usados por Pyongyang para não colaborar com as negociações multilaterais para o desarmamento nuclear do país. Ainda assim, a Coréia do Norte retornou à mesa de negociações em dezembro, depois de realizar seu primeiro teste com uma bomba nuclear e sofrer, como conseqüência, a imposição de novas sanções pela comunidade internacional. Após dois meses de discussões, um acordo para o desarmamento da península coreana foi fechado em 13 de fevereiro pelo grupo de seis nações que discutem o programa de Pyongyang - formado pelas duas Coréias, EUA, China, Japão e Rússia. Ao voltar de uma viagem à Coréia do Norte nesta quarta-feira, o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei, disse que o regime comunista está comprometido com o acordo de desarmamento firmado em fevereiro, mas que esperaria a anulação das sanções financeiras impostas ao país antes de avançar. Ao que tudo indica, a medida anunciada pelo governo americano foi um sinal de que os Estados Unidos irão responder positivamente ao comprometimento norte-coreano. O governo americano, que passou 18 meses investigando o banco, informou que irá divulgar ao governo de Macau suas descobertas. A medida pavimenta o caminho para que autoridades estrangeiras liberem o dinheiro congelado norte-coreano. Segundo um levantamento feito pela Associated Press, a manobra do Departamento do Tesouro permitirá que o governo de Macau - um território semi-autônomo chinês - libere entre US$ 8 milhões e US$ 12 milhões de fundos norte-coreano nas próximas semanas. Detalhes O Departamento do Tesouro ainda não forneceu nenhum detalhe sobre a quantia de dinheiro que poderá ser liberado nem a respeito dos fatores de risco envolvendo possuidores de contas no banco de Macau. "As autoridades macaenses congelaram mais de US$ 25 milhões depositados no banco por clientes associados à Coréia do Norte", disse o subsecretário para terrorismo e inteligência financeira do departamento, Stuart Levey. No Departamento de Estado, o porta-voz Tom Casey disse que não teceria comentários sobre a decisão do Tesouro. Ainda assim, ele destacou que os Estados Unidos tinham prometido à Coréia do Norte que "resolveriam ou dariam o veredicto final" sobre a questão das sanções financeiras até o meio do mês. "Todos têm obrigações. Todos querem cumprir com suas obrigações. Ao menos nós queremos", disse ele. ElBaradei A ida de ElBaradei à Pyongyang foi o primeiro contato entre o recluso país e a AIEA em mais de quatro anos. Após retornar a Pequim, o chefe da AIEA afirmou que a visita havia sido "bastante útil" e que havia aberto caminho para a normalização das relações entre o país e o órgão. Segundo ele, a Coréia do Norte parecia decidida a ingressar novamente na agência internacional, mas desejava antes que as sanções fossem suspensas. "Acho que eles foram bastante claros a respeito de sua vontade de implantar o acordo de 13 de fevereiro uma vez que os outros signatários tenham cumprido sua parte", disse ElBaradei. Relações difíceis A visita do chefe da AIEA foi a primeira feita pelo órgão desde o final de 2002, quando a Coréia do Norte expulsou de seu território os inspetores da entidade em meio ao esfacelamento de um acordo assinado previamente. Dias depois, o país retirou-se do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (NPT). Segundo os termos do acordo de fevereiro, o reator de Yongbyon, que faz plutônio capaz de ser usado na fabricação de armas nucleares, precisa paralisar suas atividades até a metade de abril. Em troca, os norte-coreanos receberão um carregamento inicial de petróleo pesado e o cancelamento das sanções financeiras impostas pelos EUA.

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