EUA defendem adoção de novas sanções contra o Irã

Embaixador americano diz que há consenso no Conselho de Segurança da ONU em aprová-las, apesar de Moscou e Pequim indicarem o contrário

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Por Mariana Della Barba
Atualização:

O novo relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), divulgado na quinta-feira, abre caminho para a imposição de um terceiro pacote de sanções contra o Irã, que dessa vez receberia o apoio de China e Rússia. A opinião é do embaixador dos EUA na AIEA, Greg Shulte. "Já é hora de novas sanções contra o Irã", disse o diplomata americano ao Estado em entrevista, por videoconferência, de seu escritório em Viena. "O documento deixou claro que os iranianos não estão cooperando com a AIEA como deveriam e não suspenderam suas atividades nucleares, já que foi comprovado que o país tem 3 mil centrífugas", disse Shulte. "Além disso, as informações que eles divulgaram são antigas, dos anos 80 e 90, e não sobre suas atividades nucleares recentes." Essas conclusões, segundo o embaixador, justificam novas sanções contra o país, que dessa vez não encontrarão obstáculos dos chineses e russos (membros permanentes do Conselho de Segurança (CS) da ONU, juntamente com Grã-Bretanha, EUA e França), que costumam vetar as propostas de sanções. "Não será uma tarefa difícil convencer China e Rússia a aprovarem novas sanções, já que eles mesmos haviam indicado que, a menos que o relatório fosse positivo, eles seriam favoráveis (às punições)", afirmou. No entanto, Pequim e Moscou deram ontem sinais de que podem se opor às sanções. De um lado, os chineses anunciaram que não participarão da reunião do CS, que aconteceria na segunda-feira, para discutir o assunto. De outro, a Rússia indicou que irá fornecer combustível para a instalação nuclear de Bushehr, construída pelos próprios russos no Irã. Mesmo sem que a AIEA jamais tenha comprovado que o programa nuclear iraniano tem fins bélicos, como acusam os EUA, Shulte não vê problemas em impor mais sanções. "O Irã permite o acesso da AIEA somente a algumas de suas instalações nucleares, o que torna impossível verificar a real situação, mesmo após quatro anos de investigações." Para o embaixador, ninguém acredita nas justificativas iranianas, já que o país insiste em esconder suas instalações e recusa-se a seguir as indicações do CS. Ele ressalta que o objetivo das sanções não é penalizar os iranianos. "A idéia é aumentar a pressão para reforçar a diplomacia e mostrar que eles têm de negociar." Shulte diz que Teerã pode desenvolver uma bomba atômica entre 2001 e 2015. "O que nos dá bastante tempo para diplomacia, mas não para complacência", afirmou. Citando o trecho do relatório da AIEA que diz que o Irã aumentou a transparência em relação à divulgação de algumas informações, o presidente Mahmud Ahmadinejad disse que "já está na hora de os EUA admitirem que erraram". "Como suas acusações eram falsas, agora eles têm de se desculpar." COM REUTERS

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