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EUA deportaram mais de 400 pais sem seus filhos

Termina nesta quinta-feira prazo para o governo Trump reunir imigrantes ilegais e suas crianças, mas decisão judicial não será cumprida na íntegra

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Por Redação
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WASHINGTON - O governo dos EUA chega nesta quinta-feira ao último dia do prazo dado pela Justiça para reunificar imigrantes ilegais a seus filhos, mas não cumprirá a determinação. Entre as razões, há uma insólita: pelo menos 463 pais foram deportados sem as crianças, que seguem em abrigos no país.

A brasileira Natalia Oliveira reencontra sua filha, Sara, de 5 anos, na cidade de Pearsall, Texas, com a ajuda de uma organização religiosa americana Foto: AP Photo/Eric Gay

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O governo prestou essa informações a um tribunal de San Diego, na Califórnia, na segunda-feira. Isso indica que o número de pais deportados sem os filhos no período de “tolerância zero” instituído entre abril e junho por Donald Trump, quando medidas severas foram adotadas contra indivíduos entrando ilegalmente nos EUA, pode ser maior do que o declarado. O governo de Trump adotou como regra a separação de famílias com base em uma lei anterior, aplicada até então excepcionalmente.

Nesta quinta-feira se esgota o prazo de 30 dias dado pelo juiz Dana Sabrae para o governo reunir o máximo possível de famílias separadas e na semana passada ordenou ao governo que esclarecesse quantos dos mais de 2.500 pais que deveriam ser reunidos com seus filhos não estão mais no país. Ele também suspendeu temporariamente as deportações de famílias já reunidas.

Sabrae disse que o governo poderia ser punido se não cumprisse a meta, mas não deixou claro que tipo de pena poderia ser imposta.

A salvadorenha Arely se reúne no aeroporto de Baltimore com seu filho de 7 anos, separado dela quando tentaram entrar elegalmente nos EUA Foto: Win McNamee/Getty Images/AFP

Advogados dos imigrantes afirmam que os pais foram pressionados a assinar formulários de deportação voluntária desesperados para serem libertados das prisões onde eram mantidos quando seus filhos e filhas foram separados e levados para abrigos do governo. “Estamos preocupados com a falta de informação prestada a esses pais sobre seus direitos de lutar contra a deportação sem os seus filhos”, disse o advogado Stephen Kang. E localizar essas pessoas na América Central será muito difícil e levará tempo.

O governo insiste que todos os pais imigrantes que foram deportados deram seu consentimento por escrito e foram devidamente informados dos seus direitos em sua língua natal.

De acordo com o documento apresentado na segunda-feira ao juiz, o governo reuniu 879 famílias. Outros 538 pais tiveram permissão para se reunir com os filhos e estavam aguardando transporte, o que significa que pelo menos a metade das famílias separadas deve estar reunida novamente até esta quinta-feira.

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Por ordem judicial, o governo deu prioridade aos casos envolvendo mais de 100 pais cujos filhos são menores de 5 anos, e depois disso passou a cuidar do grupo com filhos mais velhos, de 5 a 17 anos. Após uma checagem da origem e antecedentes dos pais e confirmação da relação familiar, o governo faz uma entrevista com as mães e pais para perguntar se desejam seus filhos de volta antes de algum procedimento judicial.

Até agora, 130 pais não se reuniram com os filhos por opção própria, preferindo em alguns casos que as crianças sejam autorizadas a permanecer nos Estados Unidos com um parente, enquanto seus recursos estiverem pendentes de julgamento.

Entre as mães reunidas com seus filhos está a brasileira Natalia Oliveira Silva, de 30 anos. Ela se reencontrou sua filha Sara, de 5 anos, na cidade de Pearsall, no Texas. Elas foram ajudadas pela Catholic Charities, que lhes deram roupas e depois pagaram suas passagens de ônibus . / W. POST

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