EUA desvendam ligação entre tráfico e terrorismo

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Autoridades federais dos Estados Unidos anunciaram hoje que encontraram provas da ligação do tráfico de drogas com grupos terroristas do Oriente Médio, incluindo o Hezbollah, organização fundamentalista islâmica que atua no sul do Líbano, com o apoio iraniano, no combate a Israel. A Drug Enforcement Administration (DEA), órgão do governo norte-americano encarregado do combate ao tráfico, disse que desde janeiro as investigações vêm encontrando evidências de que "pessoas descendentes de países do Oriente Médio" comandam um esquema de tráfico de drogas no Meio-Oeste dos Estados Unidos. Parte do dinheiro dessa operação, segundo a DEA, está sendo remetida a países do Oriente Médio, a contas de terroristas. "Um número crescente de informações de inteligência (espionagem) coletadas na investigação mostra, pela primeira vez, que a venda de drogas nos Estados Unidos está ocorrendo em parte como meio de apoio a organizações terroristas do Oriente Médio", disse o diretor da DEA Asa Hutchinson. Quase todos os investigados já estão presos, sob a acusação de tráfico de drogas. A DEA descobriu que eles haviam contrabandeado grandes quantidades de pseudoefedrina (uma substância usada para produzir metanfetamina, um derivado mais potente da anfetamina) do Canadá para cidades do Meio-Oeste, principalmente Chicago e Detroit. No esquema de tráfico, a maior parte dos envolvidos tinha forte ligação com países do Oriente Médio, como a Jordânia, o Iêmen, o Líbano, entre outros. Não foram encontradas provas de que o esquema tivesse alguma ligação com os atentados do dia 11 de setembro de 2001, em Nova York e Washington. A pseudoefedrina, além de permitir a produção de metafetamina, também é usada em remédios contra a gripe e a congestão nasal. Uma nova geração de drogas sintéticas conhecidas nas ruas dos EUA como "ice" (gelo), "cocaína de pobre" e "cristal meth" também depende da pseudoefedrina. Segundo a DEA, os contrabandistas do Oriente Médio estavam vendendo a pseudoefedrina a traficantes de drogas mexicanos, que usavam a substância para produzir metanfetamina e a distribuíam no Oeste dos Estados Unidos. O dinheiro era então depositado em contas bancárias do Oriente Médio - algumas das quais, segundo a DEA, estão vinculadas a grupos terroristas. A agência antidrogas diz ter indícios de que esses traficantes transferiram fundos para o Hezbollah e para contas no Iêmen e no Líbano. As autoridades americanas não sabem, porém, qual o volume total de recursos remetidos, embora na avaliação deles a venda de pseudoefedrina seja uma operação de milhões de dólares. O alerta do DEA vem num momento em que o governo Bush apertou o cerco contra o envio de fundos dos EUA para organizações que as autoridades americanas consideram terroristas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.