EUA devem abrandar restrições a Cuba, mas querem mudanças

Governo Obama deve relaxar restrições a viagens e limite a envio de remessas à ilha caribenha.

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Por Bruno Accorsi
Atualização:

Os Estados Unidos devem relaxar algumas das restrições impostas contra o regime de Cuba, mas crêem que o governo do país caribenho ainda não tomou as medidas necessárias para se reintegrar plenamente à comunidade interamericana, de acordo com o embaixador Jeffrey Davidow, o enviado americano à Cúpula das Américas. Entre as medidas que devem ser anunciadas pelo governo de Barack Obama, segundo Davidow, estão o fim do limite a quantias que podem ser enviadas por cubano-americanos a seus parentes na ilha e um relaxamento das restrições de viagens ao país caribenho para pessoas de origem cubana residentes nos EUA. O governo Bush havia limitado as viagens de cubano-americanos ao máximo de duas semanas a cada três anos. E impôs que visitas só poderiam ser feitas a familiares próximos, como pais, cônjuges e irmãos, mas não a tios e primos, por exemplo. As mudanças deverão ser anunciadas nos próximos dez dias, antes, portanto, da realização da Cúpula das Américas - o encontro que acontecerá entre 17 e 19 de abril em Trinidad e Tobago e que contará com 34 nações da região, mas não com a presença de Cuba. Presença inapropriada De acordo com o embaixador Jeffrey Davidow, o enviado americano à Cúpula das Américas, o país governador por Raúl Castro não reúne credenciais democráticas similares às de seus vizinhos, o que torna sua presença no encontro inapropriada. "Não creio que Cuba devesse participar. A primeira cúpula (das Américas), realizada em 1994, foi uma celebração das mudanças no hemisfério, de quando ele deixou de ser regido por governos não-democráticos. Passados 15 anos, a guinada democrática continuou e Cuba permanece sendo um Estado não-democrático", afirmou Davidow. Segundo o embaixador, "nós permitiremos que Cuba se reintegre à comunidade interamericana em algum momento, mas não será nesta cúpula". Discussões O ex-líder cubano Fidel Castro pediu, em um editorial publicado no jornal oficial cubano Granma, que a comunidade latino-americana leve ao presidente americano, Barack Obama, pedidos pelo fim do embargo comercial contra a nação caribenha. Leia também na BBC Brasil: Fidel pede o fim do isolamento de Cuba O representante dos Estados Unidos acredita que Cuba deverá ser um dos temas discutidos na reunião, mas acredita que a política americana para com o país caribenho não pode se tornar o tópico dominante no encontro. De acordo com Davidow, os Estados Unidos não irão impedir que os demais países levantem discussões a respeito de Cuba, mas preferem se centrar em temas que irão levar para a agenda da cúpula, como economia, inclusão social, programas ambientais e de política energética, além de políticas de segurança pública para a região. Bolívia e Venezuela Segundo o representante americano, a situação em relação a Cuba é bem distinta da que os Estados Unidos mantêm com Venezuela e Bolívia. Os dois países, há poucos meses, expulsaram os respectivos embaixadores americanos de seus territórios. Os bolivianos tomaram a decisão devido à suposta ingerência americana em protestos violentos realizados em diferentes regiões do país contra o governo. Em solidariedade à Bolívia, os venezuelanos resolveram tomar ação idêntica. "Foi uma pena que os governos da Venezuela e da Bolívia tenham tomado tais decisões. São situações não-naturais, que, esperamos, irão mudar. É preciso que tenhamos comunicações. Mas seguimos mantendo relações diplomáticas, só não contamos com diplomatas por lá", afirmou Davidow.O diplomata disse esperar também que os 34 países participantes da cúpula possam compartilhar ideias ligadas a propostas que vêm tendo êxito na região, que vão desde a parceria entre Brasil e Estados Unidos na área de biocombustíveis até programas de transferência de renda, como o Oportunidades, do México, e o Bolsa Família brasileiro. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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