EUA devem obter 9 votos no Conselho de Segurança, diz Powell

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Por Agencia Estado
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O secretário de Estado americano, Colin Powell, afirmou hoje que a eventual decisão da França de opor-se à posição dos EUA no Conselho de Segurança da ONU poderá ter forte impacto nas relações bilaterais entre Washington e Paris. "Não será surpresa se a França vetar a resolução. Isso será uma lástima e em muitas partes do mundo isso não seria visto de modo favorável à França", declarou Powell. "De todo modo, temos de esperar para ver o que fazem. A França tem sido um país amigo e continuará a ser uma nação amiga no futuro, mas certamente uma decisão como essa deve afetar de alguma forma nossas relações bilaterais", afirmou o secretário em entrevistas a várias redes de TV dos EUA. Os EUA devem apresentar ao Conselho de Segurança, provavelmente na terça-feira, um projeto de resolução dando a Bagdá um prazo até o dia 17 para que se desarme totalmente ou sofra as conseqüências de uma ofensiva militar. A medida, por enquanto, tem apoio de apenas 4 dos 15 países do conselho: EUA, Grã-Bretanha, Espanha e Bulgária. Para aprovar a resolução, são necessários pelo menos nove votos a favor e nenhum veto. O presidente francês, Jacques Chirac, já anunciou sua disposição de participar pessoalmente da votação da resolução para vetá-la. O direito de veto é dado aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança: EUA, Grã-Bretanha, França, Rússia e China. O chanceler (chefe de governo) alemão, Gerhard Schroeder, também se dispunha hoje a participar pessoalmente da votação, em Nova York. A administração do presidente americano, George W. Bush, já deixou claro que os EUA se reservam o direito de ir à guerra contra o Iraque mesmo sem um mandado da ONU. Mas a diplomacia americana se esforça para obter, pelo menos, os votos favoráveis necessários para a aprovação da resolução no Conselho. "Creio que temos boas possibilidades de conseguir nove ou dez votos. Depois veremos se alguém vetará", afirmou Powell. Entre os países indecisos do Conselho estão México, Chile, Paquistão, Guiné, Camarões e Angola, que vêm sofrendo pressão tanto dos EUA quanto do bloco de países contrários à guerra. O presidente chileno, Ricardo Lagos, por exemplo, disse - depois de uma conversa telefônica com Bush - que considera muito curto o prazo até o dia 17 e que os inspetores de armas da ONU deveriam ter mais tempo para cumprir sua missão. Ao mesmo tempo, o ministro de Relações Exteriores da França, Dominique de Villepin, prepara visita à África para convencer Angola, Camarões e Guiné a votarem contra a resolução americana. Embora o presidente russo, Vladimir Putin, venha dando sinais de que não tem intenção de usar o poder de veto no Conselho para invalidar a proposta de ultimato, o Kremlin advertiu hoje que um ataque unilateral dos EUA ao Iraque se constituiria numa "violação à Carta da ONU", segundo o chanceler da Rússia, Igor Ivanov.

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