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EUA devem triplicar número de treinadores militares no Iraque

Grupo que estuda a situação no país quer retirada das tropas americanas em 2008

Por Agencia Estado
Atualização:

As Forças Armadas dos Estados Unidos pretendem agilizar o treinamento do Exército iraquiano, triplicando o número de treinadores norte-americanos no local para cerca de 9.000. Ao mesmo tempo, os EUA ficarão atentos a sectarismos nas unidades militares iraquianas, disse um general norte-americano no domingo. O general de brigada Dana Pittard, comandante do Grupo de Assistência ao Iraque, que treina forças iraquianas, também disse que cada uma das nove brigadas policiais locais serão retiradas das ruas ao longo dos próximos nove meses para um mês de treinamento. Várias unidades policiais foram acusadas de colaboração ou infiltração nos esquadrões da morte xiitas, que atacam a minoria sunita. Uma explosão de violência sectária desde fevereiro jogou o país em uma guerra civil. "Nos próximos meses, vamos aumentar as equipes de transição, dobrando ou triplicando seu número", disse Pittard, observando que as equipes que treinam o Exército iraquiano têm atualmente 3.000 integrantes. O Grupo de Estudos do Iraque, formado por congressistas norte-americanos dos dois partidos, recomendou ao presidente George W. Bush que aumente o ritmo do treinamento das forças iraquianas, para assim possibilitar a retirada das tropas de combate dos EUA no início de 2008. Bush e o primeiro-ministro iraquiano Nuri al-Maliki concordaram com essa meta em uma reunião na Jordânia no mês passado. Maliki disse que as forças iraquianas poderão assumir o controle da segurança em junho do ano que vem. Pittard disse que essa meta lhe parece viável. O general disse que os novos treinadores seriam escolhidos entre os soldados combatentes que já se encontram no Iraque. Ele desconhece qualquer anúncio de envio de reforços para a região. Analistas questionaram a eficácia e a lealdade das forças de segurança iraquianas, formadas por 300 mil homens, afirmando que elas poderiam formar dissidências no caso de a luta interna piorar. Pittard, porém, disse não ter visto evidências dessa possibilidade. "Eles se revoltam com a alegação de que as forças seriam algo além de um Exército nacional em formação", disse ele a jornalistas em Bagdá. Xiita ou sunita? No entanto, as equipes de treinamento norte-americanas perguntam aos soldados se eles são xiitas ou sunitas, porque é crucial conhecer a afiliação religiosa das unidades. "Mas estamos presenciando menos inclinações sectárias do que em outras forças de segurança", disse ele, referindo-se à polícia nacional do Iraque. "É uma preocupação para nós e para o governo iraquiano." Ele também destacou três fatores que estariam inibindo o desempenho do Exército. O primeiro seria a ausência de um Código de Justiça Uniforme. Sem o código, os comandantes não podem disciplinar soldados. Outro fator é a ausência de um sistema bancário nacional, o que leva muitos soldados a desaparecer por dias de suas unidades, para viajar para casa e entregar o dinheiro a suas famílias. Alguns simplesmente desertam, porque o salário é praticamente todo gasto para cobrir o custo da viagem. O recrutamento regional também afasta soldados que preferem não servir em regiões do país muito distantes de suas famílias. Os comandantes dos EUA reclamaram que a Operação Juntos Avante, que visava limpar as ruas de Bagdá dos esquadrões da morte, foi prejudicada pela falta de participação de soldados iraquianos.

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