EUA dizem que fala de Bolsonaro teve tom 'construtivo', mas credibilidade depende de resultados

Presidente brasileiro se comprometeu a duplicar a verba para fiscalização ambiental, alcançar a neutralidade climática até 2050 e a acabar com o desmatamento ilegal até 2030

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Foto do author Beatriz Bulla
Por Beatriz Bulla e Correspondente

WASHINGTON - O governo Biden considerou que o tom do presidente Jair Bolsonaro na cúpula do clima convocada pela Casa Branca foi "positivo e construtivo". Um porta-voz do Departamento de Estado americano afirmou, no entanto, que a credibilidade nas promessas anunciadas "se apoiará em planos sólidos, na execução do trabalho e em um foco implacável nos resultados".

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Em discurso na Cúpula de Líderes Sobre o Clima, nesta quinta-feira, 22, Bolsonaro se comprometeu a duplicar a verba para fiscalização ambiental, alcançar a neutralidade climática até 2050 e a acabar com o desmatamento ilegal até 2030. O time de Biden vinha cobrando que o Brasil apresentasse mais do que apenas promessas futuras e indicasse quais medidas concretas iria adotar para cumprir os objetivos anunciados. 

O presidente brasileiro não apresentou o detalhamento da estratégia para colocar em vigor os anúncios feitos pelo Brasil, mas o governo Biden indica que o sinal político enviado no discurso de Bolsonaro é importante. Os americanos destacam que o compromisso com a neutralidade de emissões de carbono até 2050, sem pré-condições, e os novos recursos para agências ambientais são passos importantes.

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, durante a cúpula do clima. Foto: Marcos Correa/Brazilian Presidency via REUTERS

"Alcançar a neutralidade de carbono até 2050, dez anos antes do comprometido anteriormente e sem pré-condições, é significativo, assim como seu compromisso de dobrar os fundos disponíveis para fiscalização, um passo crucial para eliminar o desmatamento ilegal até 2030", afirma um porta-voz do Departamento de Estado.

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"Muitos detalhes ainda precisam ser resolvidos, e é justo perguntar a todos os países, Estados Unidos, Brasil e outros - como vamos alcançar nossos ambiciosos objetivos", disse o diplomata.Ainda segundo ele, os EUA sabem que alcançar metas ambiciosas exige recursos e os americanos "estão comprometidos com a parceria com os brasileiros nesse esforço".

O Brasil vinha cobrando, por meio do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, financiamento internacional para avançar na agenda ambiental. Diplomatas moderados no Itamaraty alertaram o Planalto que o tom de cobrança não ajudaria na negociação com os americanos. Os EUA indicaram que, primeiro, querem ver resultados. No discurso desta quinta-feira, Bolsonaro pediu contribuição internacional, mas não condicionou as metas anunciadas ao financiamento externo.

O funcionário do governo americano também afirmou que os EUA concordam "com sua ênfase no envolvimento necessário dos povos indígenas e comunidades tradicionais na proteção das florestas e da biodiversidade, e com seu reconhecimento do importante papel do setor privado em nos ajudar a encontrar soluções". 

"Esperamos continuar trabalhando junto com o Brasil para expandir nosso diálogo e cooperação, com base em nossas décadas de cooperação em desafios ambientais compartilhados", afirmou o representante do Departamento de Estado.

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