O rápido avanço do EI na Síria e no Iraque forçou Obama a agir em um conflito do qual se manteve distante, apesar das pressões para que desse apoio aos rebeldes que combatem o regime de Bashar Assad. No dia 11 de setembro, o presidente americano anunciou que autorizaria incursões militares na Síria para conter a ofensiva do grupo extremista, o que indiretamente pode beneficiar Assad.
Kirby afirmou que a decisão de iniciar os ataques foi adotada pelo Comando Central dos EUA, após autorização do presidente. Os EUA devem enfrentar questionamentos sobre a legalidade da ação, já que a intervenção ocorre em um Estado soberano.
A operação é diferente da realizada no Iraque, já que Bagdá solicitou apoio americano para conter o avanço do EI. Não há indicação de que Assad tenha pedido a intervenção. As autoridades de Washington tem afirmado que qualquer ação não seria coordenada com Assad, cuja saída do poder é defendida por Obama. Segundo Kirby, a ofensiva lançada ontem incluía ataques com caças, aviões bombardeiros e mísseis Tomahawk disparados de navios.
Ameaça.
Em resposta à ofensiva internacional, o EI orientou ontem seus seguidores a atacar cidadãos dos países que fazem parte da coalizão liderada pelos EUA para combatê-lo. O porta-voz do grupo, Abu Mohamed al-Adnani, provocou Obama e outros líderes ocidentais, em um comunicado na web monitorado pela empresa de segurança Site, dizendo que suas forças enfrentariam uma derrota inevitável. Adnani disse que a intervenção militar seria a "campanha final dos cruzados", de acordo com a transcrição publicada pela Site.
"Ela será rompida e derrotada, assim como todas as suas campanhas anteriores foram", disse ele, pedindo a seus seguidores que ataquem americanos, franceses, canadenses e australianos, entre outras nacionalidades.
Adnani ironizou líderes ocidentais por intensificarem a presença militar na região e disse que Obama repetia os erros de seu antecessor, George W. Bush. "Se você o combater (o EI), ele se tornará mais forte e resistente. Se você o deixar quieto, ele crescerá e se expandirá. Se Obama prometeu derrotar o EI, então Bush também mentiu antes dele", disse Adnani, segundo a transcrição.
Dirigindo-se diretamente a Obama, ele acrescentou: "Oh, mula dos judeus, você disse hoje que a América não seria atraída novamente para uma guerra em solo. Não, ela será atraída e arrastada novamente. Isso acontecerá no solo e causará sua morte e destruição."
A decisão de atacar os jihadistas na Síria foi tomada após 130 mil refugiados sírios cruzarem a fronteira com a Turquia nos últimos cinco dias. Ontem, as forças do EI continuaram avançando na região, aumentando ainda mais a pressão sobre o governo turco. Segundo o Alto Comissariado de Refugiados da ONU (Acnur), trata-se do maior fluxo de refugiados registrado em tão curto período em décadas.
O fluxo de refugiados elevou a tensão na fronteira e, no domingo, forças de segurança turcas entraram em confronto com curdos que protestavam em solidariedade aos refugiados. Alguns curdos estariam tentando ir para a Síria para lutar contra o EI. Ontem, o governo turco fechou parte de sua fronteira com a Síria em meio ao temor de que o fluxo de refugiados aumente. Ancara teme principalmente que jihadistas se aproveitem do fluxo em massa para entrar no país clandestinamente.
/ NYT e REUTERS