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EUA e China negociam solução sobre conta norte-coreana

Trata-se de US$ 25 milhões depositados no banco de Macau, que ficaram bloqueados por ordem americana, colocando fim no diálogo sobre programa nuclear

Por Agencia Estado
Atualização:

O subsecretário adjunto do Tesouro dos Estados Unidos para crimes de financiamento do terrorismo, Daniel Glaser, reuniu-se nesta segunda-feira, 26, com representantes do Ministério das Relações Exteriores chinês com o objetivo de superar os obstáculos para que a Coréia do Norte tenha de volta seu dinheiro que foi bloqueado. Trata-se de US$ 25 milhões depositados em um banco de Macau, que ficaram bloqueados por ordem dos EUA e que, agora, o Banco da China nega-se a aceitar a transferência. Glaser teve "reuniões muito positivas" com representantes da Chancelaria chinesa, disse a responsável de imprensa da Embaixada dos EUA em Pequim, Susan Stevenson, que não confirmou se houve também encontros entre o enviado americano e altos funcionários do Banco da China. O problema do dinheiro norte-coreano paralisou as conversas multilaterais sobre o fim do programa nuclear norte-coreano, que, na semana passada, terminaram abruptamente, já que a delegação de Pyongyang recusou-se a continuar negociando se não houvesse a transferência dos US$ 25 milhões. O dinheiro ficou bloqueado por 19 meses no Banco Delta Asia (BDA) de Macau, e deveria ter sido transferido na semana passada para uma conta de clientes norte-coreanos em uma filial do Banco da China, em Pequim, mas a planejada operação esbarrou na recusa desta última entidade. Aparentemente, nem o Banco da China nem o governo chinês querem envolver-se nesta operação com dinheiro norte-coreano, que teria origem duvidosa e que poderia afetar a credibilidade do banco no mercado internacional, segundo os analistas. Diante da recusa do Banco da China, o negociador norte-coreano, Kim Kye-gwan, negou-se a semana passada a discutir com os delegados da Coréia do Sul, Japão, Rússia, EUA e China o processo de fechamento do reator de Yongbyon, assim como os passos futuros para o fim do programa nuclear da Coréia do Norte, inclusive abandonando as conversas antes do encerramento. A inesperada interrupção do diálogo - que deve ser solucionada nesta semana ou na próxima - pode dificultar os planos de desnuclearização, já que Pyongyang concordou em fechar e lacrar Yongbyon em meados de abril, mas com a condição de ter acesso aos US$ 25 milhões. Enquanto isso, o BDA continua sob sanção do Tesouro americano devido a sua suposta colaboração em atividades ilícitas de Pyongyang, e os bancos americanos foram proibidos de negociar com a entidade de Macau. Glaser continuará os contatos com as autoridades chinesas ao longo desta semana e, por enquanto, não se sabe quanto tempo durará sua estadia na China, segundo fontes diplomáticas americanas. Fontes russas disseram que Glaser poderia também se reunir com autoridades norte-coreanas em Pequim, o que não foi confirmado. O regime de Pyongyang fez seu primeiro teste nuclear em 9 de outubro. Quatro meses depois, em 13 de fevereiro, os seis países negociadores chegaram a um acordo para fechar o reator norte-coreano de Yongbyon antes de 14 de abril em troca de 50.000 toneladas de petróleo e a liberação do citado dinheiro.

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