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EUA e Índia anunciam acordo sobre cooperação nuclear

Medida dá à Índia acesso à tecnologia atômica para geração de energia elétrica

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, conseguiu nesta quinta-feira um importante feito político ao fechar um acordo de cooperação nuclear com a Índia que dará a Nova Délhi acesso à tecnologia atômica estrangeira pela primeira vez em 30 anos. "Acertamos um acordo histórico", afirmou nesta quinta-feira Bush ao anunciar, em entrevista coletiva em Nova Délhi com o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, o fechamento das difíceis negociações. O acordo coroa a primeira visita de Bush à Índia, uma viagem que pretende destacar as relações cada vez mais estreitas entre Washington e Nova Délhi. O pacto marca também uma mudança na política externa americana. Em 1998, os EUA impuseram sanções temporárias à Índia em retaliação aos testes nucleares realizados pelo país asiático. O acordo firmado nesta quinta-feira prevê a separação dos programas nucleares civis e militares da Índia, e deixa o primeiro sujeito à supervisão internacional pela Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA). Em troca, os EUA se comprometem a obter o sinal verde do Congresso e do grupo de países exportadores de material nuclear para que a Índia possa receber tecnologia nuclear estrangeira. Bush admitiu que as negociações "não foram fáceis" nem para o primeiro-ministro da Índia nem para ele. O acordo terá uma tramitação difícil no Congresso americano. Vários parlamentares consideram que o aval dos EUA representaria um prêmio para a Índia, apesar deste país se recusar a assinar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, e temem que a tecnologia atômica possa cair em mãos "erradas". Bush defendeu o acordo como "necessário para os dois povos" e lembrou que inclui garantias contra a proliferação, incluída a vigilância pela AIEA. Para Bush, o Congresso "tem que entender que convém a nossos interesses econômicos que a Índia tenha uma indústria nuclear civil que contribua para reduzir a pressão sobre a demanda global de energia". "Se conseguirmos reduzir a demanda por combustíveis fósseis, poderemos reduzir o custo para o consumidor americano", explicou Bush. O anúncio é um claro triunfo para Bush - Singh agradeceu sua intervenção pessoal e reconheceu que, "sem sua liderança, este momento não teria chegado tão cedo" -, mas o contraponto foi o atentado cometido nesta quinta-feira contra o consulado americano em Karachi, no Paquistão. Pelo menos quatro pessoas, entre elas um diplomata americano, morreram e outras 49 se feriram na explosão de uma bomba em um estacionamento diante do consulado e de um hotel de uma cadeia dos EUA. Bush, que irá para o Paquistão amanhã, afirmou que o atentado não o fará desistir de viajar para o país. Ele garantiu que conversará com o presidente paquistanês, Pervez Musharraf, sobre como deter os terroristas. Antes da reunião com Singh, o presidente participou de uma homenagem a Mahatma Gandhi, e se encontrou com empresários indianos e americanos. Bush deve se reunir esta tarde com personalidades religiosas, com a líder do Partido do Congresso, Sonia Gandhi, e da oposição, Lal Advani.

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