EUA e Irã fazem troca de prisioneiros intermediada pela Suíça

Relações diplomáticas entre Teerã e Washington são turbulentas há décadas, e se agravaram após saída dos EUA do acordo nuclear; número de detenções de estrangeiros no Irã aumentou desde 2018

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Por Redação
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TEERÃ - Um iraniano detido nos Estados Unidos, Massud Soleimani, e um prisioneiro americano no Irã, Xiyue Wang, foram libertados neste sábado, 7, anunciaram o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, e o presidente Donald Trump, numa troca de prisioneiros entre os dois países inimigos.

Sinto-me "feliz pelo professor Massud Soleimani e pelo senhor Xiyue Wang que vão encontrar em breve suas famílias", tuítou Zarif. Ele também compartilhou fotos mostrando-o junto com Soleimani em um avião.

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Zarif enviou "um grande obrigado a todos os envolvidos, especialmente ao governo suíço", que representa os interesses dos Estados Unidos em Teerã na ausência de relações diplomáticas entre os dois países desde 1980.

Por sua vez, Trump inicialmente informou em comunicado a libertação de Wang. "Depois de ficar detido por mais de três anos no Irã, Xiyue Wang está a caminho dos Estados Unidos", afirmou. 

O embaixador dos EUA na Suíça, Edward T. McMullen, abraça o prisioneiro americano libertado do Irã, Xiyue Wang em sua chegada a Suíça Foto: Handout/Departamento de Estado dos EUA via AFP

Mais tarde, em sua conta no Twitter, o presidente americano compartilhou a notícia da agência Associated Press informando a troca de prisioneiros, e escreveu que Wang "foi detido durante o governo [Barack] Obama (apesar do presente de US$ 150 bilhões), e retornado durante o governo americano". Ele ainda agradeceu o governo iraniano por uma "negociação muito justa" e comentou que os países podem chegar a um acordo juntos. 

Soleimani "foi libertado alguns momentos após um ano de detenção ilegal e entregue a autoridades iranianas na Suíça", disse a agência estatal iraniana Irna.

Massud Soleimani, professor da Universidade Tarbiat Moddares de Teerã e especialista em células-tronco, foi aos Estados Unidos em 22 de outubro de 2018 para pesquisa e foi mantido em detenção sem julgamento, segundo a Irna.

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O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, dá as mãos ao cientista iraniano libertado dos EUA, Massoud Soleimani, em local desconhecido Foto: Reprodução/Twitter Mohammad Javad Zarif via AFP

Xiyue Wang, pesquisador sino-americano, cumpria uma pena de 10 anos de prisão por espionagem no Irã. Aluno de doutorado em história na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, Wang estava realizando pesquisas sobre a dinastia Qajar no Irã, onde foi preso em agosto de 2016.

Em nota, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, agradeceu ao governo suíço e disse estar "satisfeito por Teerã ter sido construtivo nesse assunto". "Continuamos pedindo a libertação de todos os cidadãos norte-americanos detidos injustamente no Irã", acrescentou. 

Diplomacia turbulenta

As relações entre o Irã e os Estados Unidos deterioraram-se muito desde maio de 2018, quando o presidente Donald Trump retirou seu país unilateralmente do acordo nuclear com o Irã, antes de restabelecer sanções econômicas contra Teerã.

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As detenções de estrangeiros no Irã, principalmente binacionais, frequentemente acusados de espionagem, aumentaram desde então.

Entre eles, o americano Michael White, condenado em março a mais de dez anos de prisão, o iraniano-britânico Nazanin Zaghari-Ratcliffe preso desde 2016 por sedição, e iranianos-americanos, incluindo o empresário Siamak Namazi e seu pai Mohammad Bagher Namazi, que cumprem uma sentença de dez anos por "espionagem" desde 2015 e 2016.

As autoridades iranianas também prenderam em junho o pesquisador francês Roland Marchal, ao mesmo tempo que sua colega iraniana-francesa Fariba Adelkhah, especialista em islamismo xiita, cuja detenção foi confirmada por Teerã em julho.

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Em outubro, os australianos Jolie King e Mark Firkin, que foram presos sob a acusação de "espionagem", foram libertados em uma provável troca de prisioneiros com a estudante iraniana Reza Dehbashi.

O número de iranianos detidos no exterior não é conhecido. / AFP

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