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EUA e Otan dizem não ver sinais de retirada de tropas russas da Ucrânia

Apesar dos anúncios da Rússia de retirada de parte de suas tropas, a Otan disse ver, na verdade, um aumento das forças militares na fronteira

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - Os Estados Unidos e a Otan disseram nesta quarta-feira, 16, que ainda não viram sinais de retirada das tropas russas de perto da Ucrânia, mesmo quando Moscou disse estar fazendo uma retirada militar parcial. A Otan, na realidade, relatou notar um aumento no número de tropas na fronteira.

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O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que o país não viu evidências de uma retirada militar russa significativa das fronteiras ucranianas, um dia depois que o presidente Vladimir Putin disse que a Rússia decidiu retirar "parcialmente" suas forças. Novamente nesta quarta, o Ministério da Defesa da Rússia que está trazendo de volta para as bases mais tropas, equipamentos e armas, e encerrou os exercícios militares na Crimeia.

"Infelizmente há uma diferença entre o que a Rússia diz e o que faz", disse Blinken em entrevista à ABC News. “E o que estamos vendo não é um retrocesso significativo. Pelo contrário, continuamos a ver forças - especialmente forças que estariam na vanguarda de qualquer agressão renovada contra a Ucrânia - continuando em massa na fronteira.”

Comboio de veículos armados russos se desloca pela Crimeia, em 18 de janeiro Foto: AP

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, ecoou a avaliação dos EUA, dizendo que a Rússia continua capaz de “uma invasão completa da Ucrânia sem nenhum aviso prévio”. Stoltenberg disse que no passado a Rússia deslocou tropas enquanto deixava armamento no local.

“Então, o que precisamos ver é uma retirada real das forças, que é duradoura e real, e não que elas movam as tropas”, disse ele. “Mas, novamente, estamos monitorando, realmente esperamos que eles retirem as forças, e essa será a melhor contribuição para uma solução política. E acreditamos que há alguma razão para otimismo cauteloso porque eles declararam tão claramente, pelo menos afirmaram, que estão prontos para uma solução diplomática”.

Além de não ver uma desescalada, o secretário da Otan disse, na verdade, ver um aumento no número de tropas na fronteira. “Não vimos nenhuma retirada das forças russas. E, claro, isso contradiz a mensagem dos esforços diplomáticos”, disse Soltenberg. “O que vemos é que eles aumentaram o número de tropas, e mais tropas estão a caminho. Então, até agora, nenhuma desescalada.”

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, rejeitou a avaliação da Otan sobre os níveis de tropas, dizendo que a aliança não havia feito “uma avaliação sóbria” da situação.

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O Ministério da Defesa da Rússia anunciou mais retiradas, dizendo que um trem carregado com tanques, veículos blindados e obuses russos deixou a Crimeia e retornaria às suas bases após a conclusão dos exercícios militares.

Um vídeo do ministério mostrou um trem carregado de veículos blindados atravessando uma vasta ponte construída para ligar a Crimeia e a Rússia depois de anexar a península da Ucrânia em 2014.

Ruslan Leviev, um pesquisador que acompanha os movimentos das tropas russas, disse que o equipamento militar que deixou a Crimeia poderia ser redistribuído em bases próximas ao leste da Ucrânia.

'Uma resolução diplomática'

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Enquanto o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e seu homólogo russo, Vladimir Putin, continuam a se envolver em um perigoso balé sobre o destino da Ucrânia, a nação no centro da crise marcou um novo feriado nacional nesta quarta-feira: o Dia da Unidade.

O presidente Volodmr Zelenski, da Ucrânia, anunciou o feriado - um esforço para reforçar a determinação pública “diante das crescentes ameaças híbridas, informações e propaganda, pressão moral e psicológica” - em resposta a avaliações de inteligência dos EUA no fim de semana que sugeriam que uma invasão russa poderia começar antes do amanhecer desta quarta-feira.

Na terça-feira, o presidente Biden disse que analistas dos EUA dizem que mais de 150.000 soldados russos perto da fronteira ucraniana “continuam em uma posição ameaçadora”.

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Mas ele enfatizou que os Estados Unidos continuariam a buscar “uma resolução diplomática”, com base nos dois dias de sinais de Washington e Moscou de que o foco estava mudando, pelo menos no momento, da postura militar para disputas diplomáticas.

No centro dessas discussões está a sugestão de que a Ucrânia pode abandonar sua ambição de se juntar à aliança da Otan - uma medida que ajudaria a cumprir uma das principais demandas de Putin. É um tema politicamente carregado na Ucrânia, mas Zelenski reconheceu que está sendo discutido.

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Em um discurso no Parlamento Europeu , Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, disse que por causa das políticas russas os cidadãos da Ucrânia estavam mantendo “bolsas de emergência em suas portas, com roupas básicas e documentos importantes”.

“Outros estocaram latas de comida para se preparar para o pior. Alguns até montaram abrigos em seus porões”, disse ela. “Estas não são histórias da década de 1940. Esta é a Europa em 2022.”

Ela observou que a Rússia enviou sinais conflitantes na terça-feira, anunciando a retirada de tropas mesmo quando o corpo legislativo do país, a Duma, pediu a Putin que reconhecesse formalmente duas regiões separatistas do leste da Ucrânia como repúblicas independentes, possivelmente abrindo caminho para a Rússia enviar mais tropas lá.

Ainda assim, disse ela, havia motivos para um otimismo cauteloso. “A diplomacia ainda não disse suas últimas palavras”, disse ela./NYT