01 de setembro de 2016 | 11h37
WASHINGTON - O porta-voz e principal estrategista do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), Abou Mohamed al-Adnani, morreu no norte da Síria - conforme confirmaram recentemente os extremistas -, porém tanto os Estados Unidos quanto a Rússia reivindicam o crédito de tê-lo abatido.
Em Washington, o Pentágono afirmou que as forças da coalizão lideradas pelos americanos mataram na terça-feira Al-Adnani em um ataque aéreo na Província de Alepo, norte da Síria, mas não confirmou imediatamente sua morte.
Porta-voz do Estado Islâmico morre na Síria
Da mesma forma, um militar russo disse que um de seus ataques aéreos matou o extremista durante um bombardeio também na terça-feira, que deixou outros 40 militantes mortos. Essa reivindicação é contestada pelas autoridades americanas, que a consideram "uma piada".
Entretanto, o Ministério de Defesa russo afirmou que "entre os terroristas liquidados se falava, segundo informações confirmadas por vários canais, no chefe de guerra Abou Mohamed al-Adnani, mais conhecido como o porta-voz do grupo terrorista Estado Islâmico", em um comunicado.
Independentemente de quem seja o autor, os analistas afirmam que sua morte significa um golpe duro para o grupo jihadista, que já sofreu uma série de reveses ao longo deste ano, incluindo a perda de alguns territórios que controlava na Síria e no Iraque, assim como a morte de outras figuras importantes do grupo.
Perfil. Al-Adnani era "o líder mais visceral e agressivo do EI aos olhos do público", opinou Charles Lister, investigador principal do Instituto do Oriente Médio. "Sem sua voz explosiva, pode ficar difícil para o EI conseguir inspirar os níveis de violência que havia conseguido alcançar nos últimos tempos", acrescentou.
O propagandista dos atentados no Ocidente, cujo verdadeiro nome era Taha Sobhi Falaha, foi abatido com 39 anos. Sua morte, anunciada pelo próprio EI, é a terceira em cinco meses de um extremista importante e isola ainda mais o chefe do grupo, o autoproclamado "califa" Abu Bakr al-Baghdadi, cujo paradeiro é desconhecido.
"O assassinato de Al-Adnani é um sinal de que os extremistas não podem proteger seus líderes mais importantes", afirma Hisham al Hashemi, especialista de movimentos extremistas na Síria e no Iraque.
"Os Estados Unidos podem estar muito próximos de eliminar Baghdadi da próxima vez (...) Ao seu lado restam apenas dois dos fundadores do EI: o iraquiano Abu Abdel Rahman Iyad Al Ubeidi e o saudita Abu Mohamed Al Shemali", segundo o especialista.
Em Washington, o porta-voz do Pentágono, Peter Cook, estimou que a morte de Al-Adnani é um "novo golpe importante contra o EI" porque ele era o "principal arquiteto das operações exteriores e porta-voz" do grupo.
Segundo Cook, Al-Adnani "coordenou os movimentos de combatentes do EI, convocando de maneira direta os ataques de lobos solitários contra civis e membros das forças armadas, e recrutou de maneira ativa novos combatentes". / AFP
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