EUA em "plena caçada" a terroristas, diz Bush

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, afirmou nesta terça-feira que os EUA estão em "plena caçada" de suspeitos de atividades terroristas ligados a José Padilha/Abdullah al Muhajir, o nova-iorquino convertido ao Islã preso, no mês passado, no aeroporto de Chicago, e transferido nesta semana para uma prisão militar, depois de ser declarado "combatente inimigo", sob a acusação de planejar a explosão de uma "bomba suja" em território norte-americano. "Vamos explorar cada indício e cada pista", disse Bush. "Estamos (engajados) numa longa luta nessa guerra ao terror, porque continua a haver pessoas que querem causar dano à América." O presidente disse que manterá os norte-americanos informado "à medida que pegarmos esses assassinos ou candidatos a assassinos". Tendo alcançado, com o anúncio da prisão de Padilla e da descoberta de seu plano terrorista, o objetivo imediato de tirar das primeiras páginas dos jornais as investigações em curso sobre as possíveis falhas de investigação e análise pelo FBI e a CIA que poderiam ter evitado os ataques de 11 de setembro, a administração empenhou-se nesta terça-feira em alimentar a história. Fontes oficiais disseram que Padilla/Muhajir, preso no dia 8 de maio ao desembarcar de um vôo procedente do Paquistão, teve vários encontros com líderes da organização Al-Qaeda, de Osama bin Laden, depois dos mortíferos ataques que destruíram o World Trade Center e parte do Pentágono, matando cerca de 3.000 pessoas. Nesses encontros, ele teria discutido uma ampla gama de alternativas de ações terroristas contra os Estados Unidos, incluindo a explosão de bombas em hotéis e ataques contra postos de gasolina em grande cidades. De acordo com as mesmas fontes, Padilla/Muhajin viajou várias vezes entre o Afeganistão e Paquistão. Em dezembro de 2001, ele teve seu primeiro encontro com Abu Zubaya, um paquistanês da alta hierarquia da Al-Qaeda. Zubaya foi capturado por forças norte-americanas no Paquistão três meses atrás e, sob interrogatório, forneceu as informações que levaram à prisão de Padilla/Muhajir. Sempre de acordo com fontes oficiais norte-americanas, que falaram sob a condição de não serem identificadas, o suspeito fez pelo menos uma viagem de ida-e-volta entre o Paquistão e o Egito, via Zurique, antes de embarcar para os EUA, com US$ 10,000 na bagagem e a tarefa de realizar uma missão de reconhecimento e preparar um plano de viabilidade de novos ataques terroristas, incluindo a explosão de uma bomba radiativa suja. "Sua intenção era matar centenas, senão milhares de norte-americanos", afirmou o vice-secretário da Defesa, Paul Wolfowitz. Segundo ele, Padilla/Muhajir planejava obter o material radiativo nos EUA. "Esse homem de fato pensou que poderia obter (esse material) em universidades", disse o número dois do Pentágono. "Não sei quão difícil seria, mas o fato é que há material nuclear em vários lugares." Donna Newman, defensora pública nomeada para representar Padilla/Mohajir, apresentou nesta terça-feira uma moção questionando a legalidade da prisão do suspeito. Grupos de defesa dos direitos humanos e das liberdades civis criticaram o tratamento dado a Padilla/Muhajir pelo governo. O ultradireitista secretário de Justiça, John Ashcroft, que aparentemente supreendeu até membros da administração, na segunda-feira, ao anunciar a prisão do suspeito desde Moscou, onde estava em visita de trabalho, disse que o objetivo da administração não é negar as liberdades civis, mas sim protegê-las. Padilla/Muhajir "é um terrorista que ameaçou a liberdade, a igualdade e a própria humanidade", afirmou Ashcroft, que não é conhecido pelo comedimento de suas declarações.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.