05 de março de 2022 | 19h45
Representantes do governo Joe Biden viajaram para a Venezuela neste sábado, 5, para se reunir com membros do regime de Nicolás Maduro. A iniciativa faz parte de uma estratégia americana de isolar a Rússia de seus aliados na América Latina em meio à guerra na Ucrânia.
Dentro dos Estados Unidos, políticos republicanos e democratas veem em Maduro um possível fornecedor para substituir os russos no mercado de petróleo, caso novas sanções envolvam os negócios do Kremlin no setor de energia.
Invasão de Putin pode sair pela culatra
A viagem é a primeira visita de alto nível de diplomatas americanos a Caracas em anos. Os Estados Unidos romperam relações diplomáticas com a Venezuela em 2019, depois de acusar Maduro de fraude eleitoral. O governo do presidente Donald Trump tentou derrubar o regime chavista, combinando sanções que baniram a compra do petróleo venezuelano e o reconhecimento do opositor Juan Guaidó como presidente do país.
Maduro respondeu às sanções se aproximando ainda mais de aliados como a China, o Irã e principalmente a Rússia, com quem a estatal petrolífera PDVSA selou acordos de exploração e vendas de petróleo com a Rosneft. Três anos depois, Maduro se manteve no poder e Guaidó perdeu relevância. A oposição no ano passado aceitou participar, ainda que dividida, de eleições municipais.
Com a economia russa em queda livre por causa das sanções impostas pela União Europeia e os Estados Unidos, Washington aproveita a chance de afastar autocracias latino-americanas que começam a ver Putin como um aliado enfraquecido.
Na quinta-feira, Maduro deu indícios em um discurso de estar aberto de voltar a negociar petróleo com os Estados Unidos. “Nosso petróleo está disponível para quem quiser comprá-lo, seja da Ásia, da Europa ou dos Estados Unidos”, disse ele em um discurso.
Na semana passada, tanto a Venezuela como Nicarágua e Cuba se abstiveram em duas resoluções na ONU para condenar a invasão da Ucrânia e pediram uma solução diplomática da crise.
O retorno da importação do petróleo chavista é bem visto até mesmo por membros do Partido republicano, como o ex-deputado Scott Taylor, que disse ter conversado com empresários venezuelanos inrteressados em fazer uma ponte entre Caracas e Washington. “Devemos aproveitar esta oportunidade para obter uma vitória diplomática afastando a Venezuela da Rússia”, disse. / NYT
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