EUA enviam mais 60 mil militares ao Golfo Pérsico

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Por Agencia Estado
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Os EUA ordenaram a mobilização de mais 60 mil militares para envio ao Golfo Pérsico, incluindo divisões de tanques estacionadas no Estado do Texas e na Alemanha, como preparação para um possível ataque contra o Iraque. Essas unidades vão juntar-se a 215 mil soldados que já estão em navios e bases na região ou imediações, bem como a 42 mil britânicos também convocados para a guerra. Outros 30 mil americanos deverão ser chamados nos próximos dias, perfazendo um total de mais de 300 mil homens prontos para uma ação militar que poderá ser desfechada ainda este mês. O reforço do contingente militar e a declaração do chanceler britânico, Jack Straw - de que seu país tem "autoridade legal suficiente" para empreender uma guerra ao lado dos EUA, sem o aval da ONU - contribuíram para elevar em US$ 1,01 os preços do petróleo no mercado futuro de Nova York, passando a US$ 36,89 o barril. Os contingentes convocados hoje foram a 1ª Divisão Blindada na Alemanha, a 1ª Divisão de Cavalaria de Fort Hodd, no Texas, e o 3º Regimento de Cavalaria Blindada de Fort Polk, em Los Angeles. Com essa última ordem os EUA têm agora deslocados para a guerra cinco de suas dez divisões ativas do Exército. Altos funcionários do setor de defesa disseram que as novas unidades provavelmente não chegarão ao Golfo antes do início de abril, num momento em que ainda poderão entrar em combate ou participar da ação de estabilização do país. Hoje, em entrevista à emissora britânica de tevê Canal 4, o secretário americano de Estado, Colin Powell, adiantou que a decisão sobre uma intervenção militar poderá ser tomada na semana que vem. "Não quero afirmar com precisão, mas tenho a firme opinião de que na semana que vem deveremos refletir muito seriamente sobre o próximo passo", afirmou Powell. A intenção dos governos britânico e americano é levar à votação, na semana que vem, uma resolução explicitando que o Iraque não cumpriu as sucessivas determinações do Conselho de Segurança (CS) da ONU ordenando que se desarme, incluindo a última delas, a Resolução 1.441, aprovada por unanimidade em novembro. Como a 1.441 ameaça o país com ´sérias conseqüências´ - expressão que abrem caminho para o uso da força -, a aprovação da nova resolução seria o aval que EUA e Grã-Bretanha buscam para o ataque. Na sexta-feira haverá uma reunião crucial do CS, da qual tomarão parte vários chanceleres. Na ocasião, o chefe dos inspetores de armas da ONU, Hans Blix, apresentará seu último relatório sobre o cumprimento das resoluções da ONU pelo Iraque. No texto encaminhado na semana passada aos membros do CS, Blix assinalou que o governo iraquiano tem de fazer mais para cumprir suas obrigações e detalhou várias falhas, como a não revelação do destino dado a armas químicas e biológicas que o país alega ter destruído. No entanto, após a entrega desse balanço o Iraque concordou em destruir dezenas de mísseis Al-Samoud-2 - cujo alcance supera o permitido pelo CS - e indicou um local onde foram despejados estoques de agentes mortíferos supostamente destruídos em 1991. Segundo o diário americano The Washington Post, os governos dos EUA e da Grã-Bretanha concordaram que não há sentido em prosseguir com o debate no CS além da semana que vem e provavelmente não encaminharão o texto à votação se não tiverem certeza de obter os nove votos necessários à sua aprovação. Se contarem com esse apoio, os dois países submeterão a moção à votação, mesmo se arriscando a um veto da França - um dos cinco membros do CS com esse direito. Independentemente do cenário - ou seja, mesmo sem o envio da resolução ou com sua rejeição - os EUA podem desfechar o ataque. Funcionários do governo e diplomatas americanos disseram não ter dúvidas de que o país vai ativar os planos militares, seja qual for o resultado do embate no Conselho.

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