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EUA estão dispostos a ampliar tropas no leste europeu se Rússia atacar Ucrânia, diz alto funcionário

Washington descarta resposta militar direta, mas planeja combinação de apoio ao exército ucraniano e fortes sanções econômicas contra Moscou

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - Os Estados Unidos "responderão afirmativamente" a seus aliados da Europa Oriental se eles solicitarem uma maior presença militar em caso de um ataque russo à Ucrânia, disse nesta segunda-feira, 6, um alto funcionário da Casa Branca. 

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Ele afirmou, no entanto, que neste momento Washington descarta uma resposta militar direta em caso de ataque contra a Ucrânia. Os americanos pretendem se concentrar em uma combinação de apoio ao exército ucraniano, fortes sanções econômicas e aumento substancial de apoio e das capacidades com os aliados da Otan, disse o alto funcionário.

Apesar de as sanções impostas até agora não terem conseguido influenciar as decisões do Kremlin, segundo diversos observadores, o governo americano vem garantindo há alguns dias que recorrerá a medidas punitivas sem precedentes.

"São medidas que nos abstivemos deliberadamente de utilizar no passado", justamente "devido ao impacto que teriam para a Rússia", destacou o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, sem oferecer mais detalhes.

Washington descarta uma resposta militar direta em caso de ataque contra a Ucrânia, mas está disposta a aumentar tropas no leste europeu Foto: Shawn Thew/EFE/EPA

'Solidariedade transnacional'

Em Paris, a presidência francesa informou nesta segunda-feira, por meio de um comunicado, que diante das "tensões entre a Rússia e a Ucrânia", os dirigentes de Alemanha, Estados Unidos, França, Itália e Reino Unido "expressaram sua determinação a que a soberania" da Ucrânia "seja respeitada".

Os dirigentes dos cinco países destacaram, também, "seu compromisso de agir para manter a paz e a segurança na Europa", acrescentou o Palácio do Eliseu, após um telefonema entre os presidentes.

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Antes de sua videoconferência com Vladimir Putin nesta terça-feira, 7, o presidente americano, Joe Biden, já tinha previsto reuniões nesta segunda-feira "com aliados-chave europeus" para "coordenar a mensagem" e uma "forte solidariedade transnacional".

Nesse sentido, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, conversou por telefone com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski. 

"Concordamos em continuar com nossas ações conjuntas e combinadas", tuitou Zelensky, que, portando capacete e colete à prova de balas camuflado, visitou hoje as trincheiras na linha de frente do conflito contra os separatistas pró-Rússia na região do Donbass, no leste da Ucrânia. 

Biden, por sua vez, conversará com o líder ucraniano "nos dias seguintes" à sua reunião com Putin, segundo a Casa Branca.

Sem 'avanços'

O Kremlin, por sua vez, adiantou hoje que não esperava "avanços" durante a reunião virtual com os americanos.

Está previsto que a conversa entre Biden e Putin -- que se reuniram em junho em Genebra, na Suíça, e depois mantiveram conversas telefônicas em janeiro, abril e julho -- gire em torno da Ucrânia, principalmente.

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Kiev e seus aliados acusam a Rússia de ter concentrado tropas e veículos blindados em sua fronteira oeste com a intenção de atacar a Ucrânia. 

"Nós não sabemos se o presidente Putin já tomou uma decisão sobre uma eventual escalada militar na Ucrânia. Mas sabemos que ele já iniciou as capacidades para lançar tal escalada", disse uma fonte americana. 

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Moscou, por sua vez, nega qualquer intenção belicosa, mas planeja algumas exigências, em particular um compromisso de que a Ucrânia não se juntará à Otan, como fizeram vários países do antigo bloco soviético.

Nem Kiev, nem Washington têm a intenção de assumir tal compromisso, apesar de que, na prática, o processo de adesão da Ucrânia à aliança militar transatlântica, mesmo que esteja oficialmente aberto, parece congelado. 

Além disso, Biden jamais mediu suas palavras ao falar de Putin, já tendo expressado dúvida sobre se o líder russo tinha "alma" e, inclusive, o chamando de assassino em público.

Biden também quer se mostrar como o paladino da democracia no mundo, uma posição que será difícil de manter se os Estados Unidos fecharem os olhos para um novo ataque da Rússia contra a Ucrânia.

Não obstante, o presidente americano espera, ou pelo menos esperava até agora, estabelecer uma relação "estável e previsível" com Moscou. 

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Putin, por sua vez, deseja confirmar a posição da Rússia como uma potência no jogo geopolítico mundial, que hoje está dominado pela rivalidade entre China e Estados Unidos.

Desde 2014, a Ucrânia trava uma guerra contra milícias separatistas pró-Rússia no extremo leste do país, que já deixou mais de 13 mil mortos entre tropas governamentais e rebeldes. Os enfrentamentos começaram após a anexação militar da Península da Crimeia pela Rússia. /AFP

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