EUA explodem fábrica em Bagdá em retaliação a ataques

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Por Agencia Estado
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Tropas dos Estados Unidos explodiram hoje uma fábrica nos arredores de Bagdá em retaliação a ataques da resistência contra o quartel-general da coalizão. Enquanto isso, perplexos comandantes italianos na cidade sulista de Nassíria tentavam compreender por qual motivo foram alvo de um atentado suicida contra sua base que matou 31 pessoas. A explosão da fábrica privada de tintas Al-Jazira no bairro de Saydiya, zona sul de Bagdá, foi a primeira ação do tipo na capital desde a queda do regime de Saddam Hussein, em abril. A fábrica, que estava parada desde a guerra, foi inicialmente bombardeada com mísseis por helicópteros Apache na noite de quarta-feira. Comandantes dos EUA explicaram que tratava-se da implementação de uma nova e dura política de retaliação aos ataques guerrilheiros. Segundo eles, a fábrica era usada por rebeldes para guardar munição para ataques contra alvos da coalizão. Hoje, soldados dos EUA com alto-falantes advertiram aos ocupantes do prédio para abandonarem o local e destruíram a fábrica com nove disparos de artilharia. Enquanto a nova tática de retaliação, batizada de Operação Martelo de Ferro, pode não garantir a segurança das forças americanas, já que na imensa cidade de 5 milhões de habitantes existem muitos outros lugares possíveis de serem usados pela resistência, ela tende a aumentar o ressentimento entre iraquianos, já irritados com a brutalidade dos militares dos EUA. "George Bush disse que quer forjar uma amizade entre o povo iraquiano e a América. É assim que ele quer construir a amizade?", questionou o dono da fábrica, Waad Dakhel al-Boulani. "A única arma que eles encontraram lá dentro foi um fuzil AK-47 dos vigias." O tenente-coronel George Krivo, um porta-voz militar americano no Iraque, adiantou que operações semelhantes serão intensificadas "para tirar os terroristas de suas tocas". Na noite de hoje, novas explosões foram ouvidas em Bagdá e os militares americanos informaram que elas faziam parte da Operação Martelo de Ferro. Não ficou imediatamente claro o que havia sido explodido. Em Tampa, Flórida, o general John Abizaid, comandante do Comando Central dos EUA, estimou que não passam de 5.000 os insurgentes lutando contra a ocupação americana no Iraque, a grande maioria leal a Saddam. "O objetivo do inimigo é quebrar a determinação dos Estados Unidos, e nos fazer partir", considerou. Em Nassíria, oficiais militares informaram que o número de mortos do ataque suicida com caminhão-bomba de quarta-feira subiu para 31. Eles afirmaram que o número pode aumentar já que muitos dos 80 feridos estão em estado crítico. O ataque, o mais mortal contra tropas da coalizão desde a guerra, levantou temores de que os grupos de resistência iraquianos estão gradualmente ampliando seu raio de operação, incluindo regiões xiitas do sul que mostravam no geral uma atitude favorável à coalizão liderada pelos EUA. A resistência, inicialmente restrita ao chamado triângulo sunita, ao norte e oeste da capital, já havia se espalhado nas últimas semanas para a cidade nortista de Mosul, a terceira maior do Iraque. O atentado levou Portugal a enviar 128 policiais de elite para Basra, ao invés de Nassíria como previsto anteriormente.

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