EUA iniciam reuniões com Cuba

Departamento de Estado americano confirma encontro informal ontem; primeira conversa foi há duas semanas

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Por NYT e REUTERS E AFP
Atualização:

O governo americano já iniciou reuniões informais com representantes do governo de Cuba em Washington para abordar temas de interesse comum. A informação foi confirmada ontem pelo porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Robert Wood. A primeira reunião entre os dois países ocorreu no dia 13, no Departamento de Estado, em Washington. De acordo com Wood, um segundo encontro foi realizado ontem entre Thomas Shannon, secretário adjunto de Estado para o Hemisfério Ocidental, e Jorge Bolaños, chefe do Escritório de Interesses de Cuba nos EUA. Wood informou que na reunião de ontem Shannon e Bolaños discutiram as medidas tomadas pelo presidente dos EUA, Barack Obama, de acabar com as restrições de viagem de cubano-americanos com parentes na ilha e eliminar a proibição de remessas de dinheiro. O Departamento de Estado não deu mais detalhes sobre os encontros nem confirmou se estão previstas novas reuniões. Wood reduziu a importância desses encontros, qualificando-os como "reuniões de rotina". "Estou certo de que haverá novas conversas", disse. Obama havia admitido durante a Cúpula das Américas, há duas semanas, que as políticas americanas para Cuba "não funcionaram", mas afirmou que não haverá mudanças "da noite para o dia". "Essas políticas não funcionaram como nós desejávamos, já que o povo cubano não é livre", disse Obama. Segundo reportagem publicada ontem pelo jornal The New York Times, outras reuniões informais estão sendo planejadas entre o Departamento de Estado e diplomatas cubanos nos EUA. Na agenda bilateral estão temas como imigração, tráfico de drogas e assuntos de segurança regional. Obama também estuda abrir os canais para a promoção de intercâmbios culturais e acadêmicos entre Cuba e EUA. Os próximos passos, segundo um funcionário do alto escalão do governo, serão para "sentir o terreno" e ver se EUA e Cuba podem desenvolver um "relacionamento sério, civil e aberto". Na avaliação da Casa Branca, as negociações com Cuba deverão durar um bom tempo e podem, segundo o mesmo funcionário do governo, "não funcionar". Os EUA estariam dispostos a discutir com Havana sobre vários temas comuns, mas exigem contrapartidas, como a libertação de presos políticos e a liberdade de imprensa. Obama tem sido pressionado pela América Latina e por congressistas americanos a acabar com o embargo comercial a Cuba, que já dura 47 anos. Fontes do governo afirmam que Obama tentará uma "aproximação cautelosa" com Cuba, que permita um equilíbrio entre os que querem um fim do embargo e os que consideram qualquer compromisso com o regime uma concessão a uma ditadura. Especialistas dizem que há boas razões para a cautela de Obama. A mais importante delas é agenda legislativa do presidente, que poderia ser afetada pela eventual oposição conservadora anticastrista. A posição de Cuba ainda não está clara. Fidel Castro considerou as medidas de Obama como sendo "positivas", porém "mínimas". Mas, na semana passada, o líder cubano mudou o discurso e afirmou que Obama teria "interpretado errado" as declarações conciliatórias feitas por Havana.

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