EUA insistem em tirar brasileiro Bustani da Opaq

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Por Agencia Estado
Atualização:

O governo dos Estados Unidos não desiste de retirar o embaixador brasileiro, José Maurício Bustani, do cargo de diretor da Organização para a Proscrição de Armas Químicas (Opaq, órgão da ONU). Hoje, a entidade anunciou a convocação de uma sessão especial com todos os 145 países-membros da Opaq para debater a permanência do diplomata no cargo. A reunião ocorrerá em Haia, na Holanda, no próximo dia 21 e foi convocada por pressão dos EUA. Os diplomatas de Washington convenceram outros 48 governos a assinarem um pedido para que a sessão fosse realizada e deverão apresentar, durante a sessão, uma proposta para que seja votada a exclusão de Bustani. Segundo informações em Haia, o que estaria causando problemas para Washington seria a relutância de Bustani em aceitar que o Iraque seja atacado, sob a justificativa de estar desenvolvendo armas químicas. Mas, oficialmente, a Casa Branca se limita a acusar Bustani, que teria mais três anos de mandato, de má administração. Bustani chegou a concordar que sua administração seja avaliada por um órgão independente. Mas se negou a renunciar ao cargo, já que isso poderia criar um precedente perigoso para a manutenção da independência de outras organizações internacionais. Diplomatas de países em desenvolvimento estão alarmados com a ofensiva dos Estados Unidos para retirar um funcionário internacional que não esteja de acordo com os interesses norte-americanos. Um diplomata árabe, que prefere não ser identificado, diz que a comunidade internacional reconhece que Washington é uma potência hegemônica no cenário mundial. "Mas há um limite para o que uma potência tem o direito de fazer", afirma. Além do Brasil, os governos da Rússia, China e Irã já demonstraram apoio a Bustani. Enquanto isso, os europeus, que poderiam ajudar a frear a ofensiva dos Estados Unidos, parecem não estar dispostos a defender o brasileiro.

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