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EUA mantém programa de monitoramento de ligações nacionais

Segundo reportagem, a agência administrada pelo militar indicado por Bush à diretoria da CIA teria pedido a quebra de sigilo telefônico de milhões de americanos

Por Agencia Estado
Atualização:

A Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), especialista em espionagem eletrônica, acumulou uma gigantesca base de dados referentes às ligações telefônicas de milhões de cidadãos americanos. A informação é da edição desta quinta-feira do jornal USA Today. Sob responsabilidade de Michael Hayden, o homem designado pela Casa Branca para ser o próximo diretor da CIA, a NSA foi acusada no ano passado de espionar ligações telefônicas e e-mails internacionais de cidadãos suspeitos de terrorismo. A revelação, em dezembro de 2005, fez com que o presidente George W. Bush saísse em defesa do programa, insistindo que a campanha da NSA se concentrava exclusivamente em ligações internacionais. De acordo com essa explicação, as ligações feitas dentro dos EUA estariam fora do radar. Na reportagem desta quinta-feira, no entanto, o USA Today assegura que as tarefas de espionagem são mais amplas do que se pensava, já que a agência armazenou bilhões de ligações nacionais de cidadãos comuns que, em sua maioria, não são suspeitos de ter cometido crime algum. O jornal americano especifica que o programa não implica na escuta ou gravação das conversas pela NSA. Segundo o USA Today, o objetivo da campanha é analisar padrões de chamadas para detectar possíveis atividades terroristas. Segundo a reportagem, as três companhias de telecomunicações que participam do programa (AT&T, Verizon e Bellsouth ) têm um contrato com a NSA que indica que a campanha começou em 2001, pouco após os atentados terroristas de 11 de setembro. Reação A Casa Branca assegurou, em declaração ao USA Today, que todas as atividades de espionagem que o Governo realiza são "legais e necessárias" para localizar terroristas filiados ao grupo Al-Qaeda. Ao reagir à reportagem e às críticas vindas do Congresso, o presidente George W. Bush não confirmou a existência do programa de escutas internas, mas garantiu que "a proteção da privacidade dos americanos é uma das principais prioridades" do seu governo. Uma lei de 1978 obriga que as escutas realizadas pelo Governo sobre cidadãos americanos tenham a autorização de um tribunal especial. Ainda segundo Bush, todas as escutas realizadas em território americano são feitas com autorização judicial. "Não estamos espionando as vidas pessoais de milhões de americanos", disse. Candidatura em risco A revelação do USA Today, no entanto, pode complicar a aprovação da indicação do ex-diretor da NSA, o general Michael Hayden, à diretoria da CIA. Hayden foi escolhido por Bush. Isso porque a indicação deve ser votada pelo Congresso, e os principais líderes democratas na Comissão Judicial do Senado se disseram chocados pela notícia. "É o nosso governo, e não o governo de um partido. É o governo americano. Aqueles que possuem grande poder, têm por obrigação explicar aos americanos o que eles estão fazendo", disse o senador democrata Patrick Leahy. Os republicanos também comentaram a notícia. Segundo o líder do partido, Arlen Specter, a Comissão Judical do Senado deve convocar as companhias de telecomunicações para que fique claro o "que realmente está acontecendo". Em declarações nesta terça-feira, as telefônicas se defenderam. Segundo elas, é parte de seus procedimentos proteger a privacidade dos consumidores, mas também é uma obrigação obedecer a lei e os esforços das agências governamentais para garantir a segurança dos Estados Unidos. "Nós respeitamos a confiança dos consumidores em nosso trabalho. Se e quando a AT&T é chamada a colaborar com o governo, nós os fazemos apenas sob o domínio da lei", informou a companhia em nota divulgada à imprensa.

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