EUA montam governo-estepe em cavernas

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Por Agencia Estado
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Um "governo nas sombras" consistindo em 75 ou mais membros do alto escalão vem vivendo e trabalhando secretamente fora de Washington, desde 11 de setembro, uma preparação para a eventualidade da capital dos Estados Unidos ser atingida por um ataque terrorista. "Isto é um negócio sério", disse o presidente George W. Bush sobre os planos de garantir a continuidade do governo. Tal operação foi concebida durante o governo Eisenhower, na década de 50, como precaução contra um ataque nuclear, mas até agora nunca tinha sido usada. Entrou em vigor nas primeiras horas após os atentados terroristas e evoluiu com o decorrer do tempo, disse um funcionário do governo. Locais secretos Sem confirmar os detalhes do governo-estepe, Bush disse aos jornalistas, em Iowa: "Levamos a questão da continuidade do governo muito a sério porque nosso país estava sendo atacado. E ainda considero as ameaças dos assassinos e terroristas da Al-Qaeda muito a sério", disse. "Tenho a obrigação como presidente e minha administração tem uma obrigação para com o povo americano de colocar em prática medidas que, na eventualidade de alguém ter sucesso em atacar Washington, haja um governo em andamento". Segundo ele, "esta é a razão que leva o vice-presidente a trabalhar em locais secretos". O plano do governo secreto foi ativado porque intensificou-se o temor de que a rede terrorista Al-Qaeda pudesse obter uma arma nuclear portátil. O serviço de informações dos EUA não tem conhecimento específico de tal arma, mas o risco é suficientemente grande para justificar a ativação do plano, segundo uma fonte que falou na condição de anonimato. Revezamentos De acordo com o documento secreto "Continuidade do Plano de Operação", que foi publicado pela primeira vez no Washington Post na edição de hoje, membros do alto escalão representando começaram a se revezar em duas localidades fortificadas ao longo da Costa Leste. O jornal disse que os primeiros revezamentos foram feitos em outubro ou no início de novembro, um fato confirmado pelo alto funcionário do governo. Uma segunda autoridade do governo que visitou um dos locais seguros em um região de encosta de montanha nos arredores de Washington disse que o local está equipado com geradores, telefones, aparelhos de televisão, escritórios privativos, centros de comando e computadores. É uma área de escritórios espaçosa debaixo da terra, dividida segundo os órgãos governamentais. Longe da família Várias autoridades da Casa Branca já fizeram o revezamento, passando três ou quatro dias no local. Amigos, família e colegas estabelecem contato por meio de um número de telefone isento de tarifa e ramais pessoais. Os membros do governo que estão designados para o rodízio vivem e trabalham no local subterrâneo 24 horas, longe da família, segundo o diário. O governo secreto já enviou para casa a maioria da primeira leva de pessoal alocado, fazendo as substituições geralmente a intervalos de 90 dias, informou o Post. Um membro do governo, que falou à Associated Press disse que os grupos geralmente têm de 70 a 150 pessoas, dependendo do nível de ameaça detectado pelo serviço de inteligência dos Estados Unidos. Plano duradouro Acrescentou que o presidente Bush não prevê a necessidade de entregar as funções do governo à operação secreta mas acredita ser prudente executar um plano duradouro à luz da guerra ao terrorismo e das persistentes ameaças de futuros ataques. A equipe, cujos membros são extraídos de todos os departamentos do gabinete do governo e alguns órgãos independentes, visa a impedir o colapso das funções essenciais do governo na eventualidade de um golpe atingir Washington. O governo-estepe tentará conter a ruptura nos suprimentos de alimentos e água, conexões de transporte, redes de energia e telecomunicações, saúde pública e ordem civil, informou o jornal. Depois, começaria a recompor o governo. O governo-estepe é um prolongamento da política que tem mantido o vice-presidente Dick Cheney distante de Washington, em locais seguros e não-revelados. Cheney tem aparecido e desaparecido da visão do público de acordo com as flutuações nos níveis de ameaça, às vezes no mesmo local onde os membros do primeiro escalão estiveram escondidos, disse uma fonte. Sendo o próximo na linha de sucessão de Bush, ele precisaria ajudar a conduzir o governo no caso do pior dos cenários. Leia o especial

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