EUA não encontram conexão terrorista no Brasil

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Por Agencia Estado
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O encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Cristobal Orozco, afirmou que não foi detectada qualquer pista de que haja terroristas responsáveis pelos ataques a Washington e Nova York no Brasil. "Temos algumas pistas (sobre quem colaborou com os atentados), mas não encontramos nada no Brasil", declarou o representante americano, depois de se reunir com o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Alberto Cardoso. O presidente Fernando Henrique Cardoso, por intermédio de seu porta-voz, evitou responder se o País apoiaria intervenções militares dos Estados Unidos no Afeganistão. O presidente chegou a condenar questionamentos sobre possíveis retaliações comerciais a países que não colaborassem com ajuda militar no combate ao terrorismo. "São questões sérias, que não permitem nem hipóteses gratuitas, nem especulações sem base", disse o porta-voz. Cristobal Orozco negou que tenha ido ao Planalto levar um pedido de ajuda militar. "Está descartada a possibilidade de pedido de apoio militar por meu intermédio", avisou Orzco. Ele explicou ainda que a visita ao Palácio do Planalto teve por objetivo discutir com o general um acordo de cooperação de combate ao narcotráfico, que deverá ser assinado na semana que vem. Disse que esteve lá também para agradecer a cooperação do Brasil na investigação de terrorismo. "Temos cooperação total do Brasil." O ministro da Defesa, Geraldo Quintão, por sua vez, declarou na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado que os órgãos de inteligência do governo estão atentos a toda e qualquer informação em relação à possibilidade de terroristas terem passado pelo Brasil. Segundo ele, há quatro anos o governo investiga as movimentações em Foz do Iguaçu, chamada de área de tríplice fronteira - Paraguai, Argentina e Brasil, assim como o sul do País, onde residem muitos árabes e palestinos. Quintão justificou que esse acompanhamento começou a ser feito depois das explosões em sinagogas de Buenos Aires, pois houve suspeitas de que as pessoas que teriam participado desses atos terroristas poderiam estar baseadas na tríplice fronteira ou no sul do país, na região de Chuí (RS). "Mas nada foi provado", assegurou ele, advertindo que "é preciso ter muito cuidado com as campanhas que estão surgindo contra esses povos". O ministro acrescentou que no caso do prefeito de Chuí, que está sendo investigado, nenhuma acusação pode ser feita se não houver provas. "Não conheço o prefeito, não sei quem é ele, mas sou advogado e temos de lembrar que ele foi eleito, reeleito e mora há 35 anos na região. Portanto, ele não pode ser simplesmente acusado." E acrescentou: "se algo for apurado, será reprimido imediatamente". O ministro Quintão reiterou que não há nenhuma preparação para envio de tropa militar para ajudar os norte-americanos na caçada aos terroristas, mas que o País está atento a qualquer ato considerado suspeito. "Não podemos nos manter equidistantes e achar que as ameaças não existem. Temos de estar atentos e fazer a sociedade ver isso, embora sem fazer alardes", observou ele, dizendo que o mundo mudou depois dos ataques do dia 11 de setembro aos Estados Unidos. Sobre a proteção do espaço aéreo brasileiro, o ministro Quintão salientou que ela só será completa quando o Sistema de Vigilância da Amazônia - Sivam estiver em pleno funcionamento, em meados do ano que vem. Para isso, comentou, é preciso que não haja cortes no repasse dos R$ 500 milhões previstos.

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