EUA não sabem o que fazer com "taleban americano"

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Por Agencia Estado
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O governo dos Estados Unidos admitiu nesta terça-feira que ainda não sabe o que fazer com o jovem norte-americano que lutou nas fileiras do Taleban, John Walker, ou "Adbul Hamid", e muito menos com os dois combatentes capturados pela Aliança do Norte que afirmam ser cidadãos norte-americanos. O pai do "taleban americano", Frank Lindh, já decidiu o que fazer. "Queremos dar-lhe um grande abraço", disse em entrevistas para a televisão. "Mas também quero lhe dar um pequeno tapa no traseiro por ele não ter me contado por onde andava e não ter me pedido permissão". "De qualquer forma, não lhe daria permissão para que fosse ao Afeganistão", disse Lindh, referindo-se à aventura do filho, de 20 anos, que combateu com as tropas do regime taleban durante meses até que, na semana passada, caiu, junto a vários companheiros, nas mãos das forças da Aliança do Norte. Segundo a porta-voz do Pentágono, oficiais norte-americanos no Afeganistão "estão conversando" com Walker, mas ainda não tomaram nenhuma decisão sobre o quê fazer com ele. Walker, que vivia em um bairro do subúrbio de São Francisco e usa o sobrenome da mãe - que está separada de Lindh -, abandonou os Estados Unidos há vários anos, depois de converter-se ao islamismo e havia se unido aos talebans durante a passagem pelo Paquistão. A situação do jovem "taleban americano" é complexa, até mesmo do ponto de vista jurídico. Em meio à ofensiva contra o terrorismo lançada pelos Estados Unidos depois dos atentados de 11 de setembro, Walker não se enquadra em nenhum dos tipos de inimigos delineados por Washington. O governo norte-americano, que quer estabelecer definitivamente a identidade e conhecer a verdadeira situação dele, ainda não decidiu se o repatriará ou o considerará um prisioneiro de guerra. Especialistas legais já afirmam que os polêmicos tribunais militares estabelecidos pelo governo norte-americano para combater o terrorismo não servirão no caso de Walker, já que apenas podem julgar estrangeiros. Por outro lado, para acusá-lo de traição são necessárias duas testemunhas. "E isso será muito difícil de se encontrar no Afeganistão", disseram as fontes. A possibilidade mais viável, afirmam os especialistas, pode ser a de acusá-lo de traição, que requer provas menos contundentes. Para piorar ainda mais a situação dos EUA , outros dois prisioneiros da Aliança do Norte dizem ser cidadãos norte-americanos. Um funcionário do governo que pediu para não ser identificado disse à imprensa local que "existem informações que indicam a presença de outros dois americanos sob custódia da Aliança do Norte", e que os EUA acreditam "lutaram junto aos talebans". Leia o especial

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