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EUA e Irã acertam plano para retomar acordo nuclear

Com ajuda da UE, negociação em Viena cria grupos para sincronizar levantamento de sanções com redução do programa iraniano

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - Os EUA e o Irã concordaram nesta terça-feira, 6, em estabelecer dois grupos de trabalho para tentar resgatar o acordo nuclear de 2015. O compromisso foi estabelecido durante as negociações que ocorrem em Viena, na Áustria, com mediação da União Europeia.

Nesta terça-feira, diplomatas iranianos e os membros do grupo chamado de P5+1 – China, EUA, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha – concordaram em estabelecer dois grupos de trabalho. Um deles se concentrará em como fazer os EUA voltarem ao acordo, levantando as sanções econômicas reimpostas depois que o então presidente americano, Donald Trump, retirou o país do acordo, em 2018. Ao mesmo tempo, o outro grupo se concentrará em como fazer o Irã voltar a cumprir as limitações do acordo sobre enriquecimento de urânio e estoques do metal enriquecido.

Neve cai diante do hotel em Viena onde a comissão conjunta e o Irã se reuniram para discutir meios de retomar o acordo nuclear de 2015 Foto: Joe Klamar/AFP

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Os dois grupos já começaram a trabalhar, segundo Mikhail Ulyanov, representante russo em organizações internacionais em Viena. Ele considerou a reunião da comissão conjunta sobre o acordo com o Irã um “sucesso inicial”. Ulyanov, porém, alertou no Twitter que a restauração do acordo “não ocorrerá imediatamente”. “Vai levar algum tempo. Quanto tempo? Ninguém sabe. A coisa mais importante após a reunião de hoje da Comissão Conjunta é que o trabalho prático para atingir esse objetivo já começou.”

O Irã rejeitou se reunir diretamente com os EUA. Então, as conversações ocorreram separadamente, em dois hotéis de Viena. Os EUA foram representados pelo enviado especial, Robert Malley, e o Irã pelo vice-chanceler, Abbas Araghchi, que foi crucial nas negociações para o acordo de 2015. Araghchi disse, em entrevista a uma TV estatal iraniana, que considerou as conversações “construtivas”.

O presidente americano, Joe Biden, prometeu levar os EUA de volta ao acordo, o que significaria remover cerca de 1.600 sanções impostas ao Irã depois que Trump se retirou do pacto. Em razão dessas sanções, os europeus não conseguiram fornecer vantagens econômicas ao Irã. Então, em 2019, o governo iraniano começou a violar os limites de enriquecimento estabelecidos.

As autoridades americanas estimam que, atualmente, o tempo necessário para o Irã reunir urânio altamente enriquecido suficiente para uma arma nuclear é de poucos meses. O Irã diz que pode voltar a cumprir as regras rapidamente, mas insiste que os EUA retirem as sanções primeiro. Washington, por sua vez, quer que o Irã volte a cumprir o estabelecido no pacto antes de suspender as sanções.

Imagem de estatal iraniana mostra três versões de centrífugas domésticas em estrutura de enriquecimento de urânio Foto: IRIB / AP

Os dois grupos de trabalho criados nesta terça-feira tentarão resolver esse impasse, aplicando um roteiro sincronizado para o cumprimento do acordo pelos dois países. No entanto, mesmo que se alcance um compromisso, a verificação do programa nuclear do Irã demorará algum tempo, em razão das complicações técnicas e da falta de confiança de ambas as partes.

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As empresas que desejam fazer negócios com o Irã também vão querer ter certeza de que não haverá riscos de os EUA adotarem novamente as sanções. O Irã pretende ver os benefícios econômicos, e não apenas a promessa deles, e os EUA vão querer que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) garanta que o Irã retorne ao cumprimento e não trapaceie, como fez no passado.

Os EUA também querem convencer o Irã a aceitar limites de tempo mais longos para o acordo e iniciar novas negociações sobre a quantidade dos mísseis iranianos, além de discutir sobre o apoio do país a aliados e milícias xiitas no Oriente Médio, incluindo na Síria, Iraque e Líbano. O Irã diz que não tem interesse em considerar novas negociações até que os EUA restaurem o status quo que existia antes de Trump se retirar do acordo. / NYT

 

 

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