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EUA pedem que eventual governo palestino reconheça Estado de Israel; Hamas vê ‘ingerência descarada’

Enviado especial de Washington para o Oriente Médio disse que um poder palestino ‘deve se comprometer de maneira inequívoca e ambígua à não violência’; movimento islamista acusou a administração de Donald Trump de alinhamento com israelenses

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Por Redação
Atualização:

JERUSALÉM - O enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Jason Greenblatt, pediu nesta quinta-feira, 19, que um eventual governo de unidade palestino reconheça o Estado de Israel. O movimento islamista Hamas rebateu a declaração de imediato e rejeitou uma "ingerência flagrante" de Washington nos assuntos palestinos.

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Um governo palestino "deve se comprometer de maneira inequívoca e ambígua à não violência, reconhecer o Estado de Israel, aceitar os acordos e obrigações anteriores entre as partes, incluindo o desarmamento dos terroristas e o compromisso com negociações pacíficas", disse Greenblatt, em um comunicado.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu Foto: AP Photo/Sebastian Scheiner

"Se o Hamas desempenhar algum papel em um governo palestino, deve aceitar estes requisitos básicos", acrescentou o enviado do presidente dos EUA, Donald Trump. Essa foi a resposta da Casa Branca aos esforços de reconciliação entre os islâmicos do Hamas e os nacionalistas do Fatah, partido que controla a Autoridade Nacional Palestina (ANP).

Na semana passada, as duas forças assinaram um pacto no Cairo, sob mediação egípcia, para finalizar uma década de divisão política desde que o Hamas expulsou da Faixa de Gaza as forças leais ao líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e assumiu o controle do enclave costeiro, criando de fato dois governos palestinos, um em Gaza e outro na Cisjordânia.

Em virtude do acordo, o governo de consenso da Cisjordânia retomará o controle administrativo de Gaza, e a segurança e a gestão das fronteiras. Israel, que como a União Europeia e os EUA considera Hamas um grupo terrorista, mantém um bloqueio sobre Gaza desde 2007, e adiantou, após o anúncio, que não reconhecerá o pacto, mas não romperá relações com a ANP e não impedirá o seu cumprimento, por considerar que pode beneficiar seu país.

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No entanto, advertiu que não estabeleceria negociações diplomáticas com um governo palestino relacionado com o Hamas se este não cumprir determinadas condições, como as que os EUA pedem hoje.

"Todas as partes concordam ser essencial que a ANP possa assumir de forma plena, genuína e sem obstáculos as responsabilidades civis e de segurança em Gaza, e trabalharemos lado a lado para melhorar a situação humanitária dos palestinos que ali residem", disse Greenblatt. 

Reação

O Hamas qualificou como uma "interferência flagrante" as condições apresentadas pelos EUA a um eventual governo de unidade palestino e acusou a administração de Trump de alinhamento com Israel.

"É uma interferência flagrante nos assuntos palestinos. Nosso povo tem o direito de escolher o próprio governo em função de seus interesses estratégicos". declarou Bassem Naïm, um dos líderes do Hamas.

A administração Trump se expressa "sob pressão do governo de extrema direita do (premiê israelense, Binyamin) Netanyahu e se alinha com as declarações de Netanyahu há dois dias", completou. / EFE e AFP

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