PUBLICIDADE

EUA podem consumir carne e leite de clone em 2003

Por Agencia Estado
Atualização:

Leite e carne de animais clonados poderão chegar aos supermercados americanos no ano que vem, depois que um relatório preliminar da Academia Nacional de Ciências (NAS, na sigla em inglês) considerou que esses produtos não oferecem risco à saúde. A tecnologia de clonagem animal ainda é extremamente ineficiente, cara, complicada e está longe de ser dominada pelos cientistas, mas alguns criadores americanos apostam no aperfeiçoamento da técnica como método rotineiro de reprodução animal, segundo o jornal The Washington Post. Ninguém sabe ao certo quantas vacas e bois clonados existem, pois muitos pertencem a empresas privadas, que não publicam seus resultados. A maioria das estimativas para os EUA, entretanto, não passa de cem animais. Algumas vacas clonadas já produzem leite em fazendas americanas, mas o produto não foi para o mercado a pedido da Administração de Drogas e Alimentos (FDA), que ainda avalia a segurança dos alimentos derivados de clones ou de filhotes de clones. O órgão espera chegar a uma decisão antes do fim do ano. Em comunicado recente, cientistas de um comitê especial da NAS sobre biotecnologia mostraram-se tranqüilos com relação ao consumo de produtos de animais clonados uma vez que esses não contêm alterações genéticas. "Acho que nossa mensagem foi alta e clara. A preocupação sobre segurança alimentar era exagerada", disse Eric Hallerman, membro do comitê e biólogo da Virginia Polytechnic Institute and State University. "A expectativa é de que esses animais serão absolutamente normais, já que não usamos nada que não seja próprio do indivíduo", disse o especialista Rodolpho Rumpf, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, responsável pela primeira bezerra clonada brasileira. A clonagem consiste na criação de um animal geneticamente idêntico a outro. O núcleo de uma célula do animal que se deseja clonar é transferido para um óvulo sem núcleo, cultivado em laboratório, para dar origem a um embrião. O embrião é transferido para uma mãe de aluguel e, se tudo correr bem - o que acontece em apenas 3% a 5% dos casos -, nasce um clone. Na maior parte dos institutos de pesquisa, a clonagem é estudada como uma ferramenta para a produção de "biorreatores", animais geneticamente modificados capazes de produzir moléculas de interesse terapêutico no leite. Outra aplicação seria a reprodução em larga escala de animais premiados para a produção de leite e carne. Muitos duvidam, porém, que isso um dia seja economicamente viável, dada a alta complexidade da tecnologia. O que deve ter início nos próximos anos é o consumo de produtos derivados dos filhotes de clones de animais reprodutores. "Há um nicho de mercado muito especial para a clonagem de animais de reprodução, não de abate", afirma o chefe-geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Luiz Antonio Barreto de Castro. A previsão é de que o leite de vacas clonadas seja introduzido no mercado americano, em pequenas quantidades, já em 2003.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.