PUBLICIDADE

EUA prenderam 1.200 estrangeiros suspeitos de terrorismo

Por Agencia Estado
Atualização:

Desde os ataques terroristas aos Estados Unidos, há quase um ano, Washington já levou à prisão cerca de 1,2 mil estrangeiros de forma secreta, inclusive um cidadão brasileiro. A informação é da organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch, que ontem divulgou um relatório de quase cem páginas sobre as investigações conduzidas pela polícia norte-americana em busca de terroristas. A grande maioria dos presos é do Oriente Médio e asiáticos. Até agora 248 paquistaneses, 100 cidadãos do Egito e 52 da Turquia foram levados às cadeias norte-americanas, enquanto são investigados sobre suas possíveis participações em grupos terroristas. Além dos cidadãos desses países, um brasileiro, Khaled Mustafa, foi preso e investigado sobre sua relação com grupos terroristas. A alegação era de que seu visto havia se encerrado, mas a real preocupação de Washington era de que o padrasto de sua mulher teria ligações com os envolvidos no atentado a bomba de 1993 no World Trade Center, em Nova York. A informação sobre o brasileiro foi divulgada pelo próprio Departamento de Justiça dos Estados Unidos e o suspeito foi mantido em uma cadeia em Mississipi por mais de dez meses. O brasileiro, de pais egípcios, acabou sendo solto e retornou a São Paulo em julho. Segundo a ONG, além das prisões secretas, processos arbitrários foram identificados. Na maioria dos casos, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos usa o argumento de que um estrangeiro teria seu visto encerrado para levá-lo à prisão e interrogá-lo sobre os atentados de 11 de setembro. Um desses casos foi o do médico egípcio, Ahmed Alenany, que no dia 21 de setembro de 2001 foi parado por policiais em Nova York e levado para a prisão por não ter renovado seu visto de permanência nos Estados Unidos, apesar de já ter mandado os documentos ao Departamento de Justiça para que seu visto fosse estendido. O juiz que tratou do caso do egípcio o aconselhou, na época, a aceitar ser extraditado ao seu país, já que o processo poderia levar algumas semanas. Alenany concordou, mas mesmo assim permaneceu preso por mais de cinco meses até que foi solto por falta de provas sobre sua relação com terroristas. Jamie Fellner, autora do estudo, afirma que muitos estrangeiros presos não puderam ter acesso aos seus consulados e chegaram a ser violentados fisicamente pela polícia norte-americana. "O governo dos Estados Unidos falha em promover os valores que o próprio presidente Bush declara que foram ameaçados pelos atentados terroristas", afirma Fellner. Diante das evidências, a Human Rights Watch pede a liberação imediata dos nomes de todas as pessoas presas desde 11 de setembro sob suspeita de práticas terroristas. A ONG ainda pede que Washington permita que os suspeitos tenham acesso a um advogado e aos seus respectivos consulados.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.