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EUA pressionam e Israel começa a retirar tropas de Gaza

Por Agencia Estado
Atualização:

Israel começou nesta terça-feira a retirar suas forças de uma faixa do território palestino em Gaza depois de mantê-la por menos de um dia, após os Estados Unidos criticarem duramente a ação israelense. Um comunicado das Forças Armadas anunciou que a retirada teve início depois que a missão foi completada, um contraste com uma declaração de um comandante israelense na região, que havia dito poucas horas antes, que suas forças poderiam permanecer na faixa do território em Gaza por meses. Tanques israelenses capturaram um canto do noroeste da Faixa de Gaza depois que palestinos dispararam morteiros contra a cidade israelense de Sderot. O secretário de Estado americano, Colin Powell, considerou exagerada a ação israelense sem precedentes no território controlado pelos palestinos. Os palestinos disseram que ela era uma violação de acordos assinados. A Autoridade Palestina considerou a intenção de Israel de permanecer em sua nova posição "uma agressão contra o povo palestino". Oficiais de segurança palestinos, que pediram para não ser identificados, disseram que autoridades dos EUA os informaram de que Israel iria se retirar. Oficiais palestinos afirmaram que Yasser Arafat enviou uma carta ao presidente dos EUA, George W. Bush, denunciando o que classificou de agressão israelense. Depois que morteiros foram disparados contra Sderot - uma cidade desértica a cerca de três quilômetros da fronteira com Gaza -, sem ter ferido ninguém, Israel lançou uma dura retaliação, atingindo postos e prédios da polícia palestina com fogo de tanques e mísseis. Um palestino morreu e dezenas ficaram feridos. Depois da meia-noite, buldôzeres do Exército israelense protegidos por tanques, rumaram para a cidade de Beit Hanoun, em Gaza, destruindo fazendas. O comandante do Exército israelense em Gaza, coronel Yair Naveh, disse que a intenção era tirar Sderot do alcance dos morteiros, e suas tropas poderiam permanecer no local "por meses". O ataque de morteiro contra a cidade israelense e a resposta de Israel foram vistos como uma escalada do conflito que já deixou mais de 470 mortos em quase sete meses de confrontos e ataques. A incursão ao território palestino com a intenção de manter a faixa de cerca de três quilômetros quadrados foi uma nova fase na luta do novo governo de Israel contra ataques palestinos. Entretanto, assessores do primeiro-ministro Ariel Sharon rapidamente adiantaram que suas forças iriam se retirar assim que acabasse o perigo de ataques de morteiro. No fim, eles decidiram se retirar muito antes, aparentemente devido à pressão americana. Apesar de culpar os palestinos pelos ataques contra Israel, Powell criticou duramente a ação israelense, chamando-a de "excessiva e desproporcional", sua linguagem mais dura até agora. Até agora, a administração de George W. Bush tem emitido comunicados balanceados. Entretanto, Sharon visitou Washington a convite do presidente e Arafat ainda não foi convidado, um sinal de que a administração Bush estava a favor de Israel no conflito. Em outros confrontos nesta terça-feira, um garoto e um adolescente palestinos foram mortos por disparos israelenses. Bara el-Shael, de 10 anos, morreu ao ser atingido por tiros de soldados israelenses no campo de refugiados de Rafah, em Gaza. Em el-Khader, nas proximidades de Belém, Cisjordânia, Rami Musa, de 16 anos, foi morto quando um tanque israelense bombardeou sua casa. Desde o início da violência, em 28 de setembro do ano passado, 475 pessoas já foram mortas - 391 palestinos, 64 judeus israelenses e 19 outros. O grupo militante islâmico Hamas assumiu a responsabilidade pelo ataque de morteiro da noite desta segunda-feira contra Sderot, uma cidade de 24.000 habitantes localizada a oito quilômetros da casa de campo de Sharon, no deserto de Negev. Entretanto, Israel culpou forças de segurança palestinas pelo ataque de morteiro. Depois dos bombardeios às instalações policiais palestinas, tanques israelenses cortaram a Faixa de Gaza em três partes, impedindo o tráfico no sentido norte-sul e paralisando a vida no superpovoado território de um milhão de palestinos. A passagem de Gaza para o Egito foi selada.

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