EUA pressionam por envio rápido de missão de paz à Somália

Objetivo americano é evitar ´vácuo de segurança´, que poderia causar mais anarquia depois da expulsão dos militantes islâmicos de Mogadiscio

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Por Agencia Estado
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Os Estados Unidos pediram nesta sexta-feira que a mobilização de tropas de paz africanas para a Somália seja feita com rapidez, para evitar que haja um "vácuo de segurança", que poderia causar mais anarquia depois da expulsão dos militantes islâmicos de Mogadiscio. Os americanos lançaram um ataque aéreo contra o território somali na segunda-feira, visando uma célula da Al-Qaeda. Foi o primeiro envolvimento norte-americano na Somália desde a desastrosa missão de paz encerrada em 1994. Até dez aliados da Al-Qaeda morreram no ataque aéreo, mas três suspeitos importantes escaparam, segundo o próprio o governo dos EUA. A Etiópia, aliada dos EUA e principal potência do Chifre da África, quer retirar seus soldados da Somália nas próximas semanas. As tropas etíopes ajudaram o governo interino da Somália a expulsar os islamitas, nos primeiros dias do ano. Mas diplomatas temem que isso deixe o governo do presidente Abdullahi Yusuf vulnerável demais a ataques guerrilheiros dos islamitas, a grupos rebeldes que querem retomar seus feudos e à guerra entre clãs. "Mobilizar uma força de estabilização africana para a Somália com rapidez tem importância vital", disse Michael Ranneberger, embaixador norte-americano para o Quênia e para a Somália, num artigo assinado de jornal. Ele fez um apelo aos países africanos para que cedam soldados para a missão de paz. "Isso vai permitir a retirada rápida das forças etíopes, sem criar um vácuo de segurança." A União Africana e Igad (Autoridade Intergovernamental para Desenvolvimento) já manifestaram disposição de enviar mais de 8.000 soldados à Somália. Uganda afirmou que vai mandar o primeiro batalhão, mas está temerosa de enviar seus soldados a um país dominado pelo caos desde 1991. No entanto, ainda não está claro nem quem financiará a missão, nem que países colaborarão com ela, nem o quão rápido ela pode ser acionada. Mas uma missão de paz africana não conseguiu conter a carnificina em Darfur, no Sudão, portanto muitos duvidam que operação semelhante seja capaz de acabar com a violência na Somália. Os EUA acreditam que a Somália, que teve parte do território nas mãos de islamitas por seis meses, transformou-se num refúgio para radicais estrangeiros. O ataque de segunda-feira recebeu críticas da ONU, de muitos países europeus e da Liga Árabe. Washington prometeu enviar 40 milhões de dólares em ajuda para a Somália, além de apoio para a missão de paz. Milícia dos "senhores da guerra" se integrará ao Exército Os "senhores da guerra" da Somália chegaram a um acordo nesta sexta-feira com o presidente do país, Abdullahi Yusuf, para desarmar suas milícias e se integrar ao Exército, segundo fontes oficiais. "O governo ficará responsável pelas milícias; as treinará como forças nacionais e as reabilitará", disse à Efe o porta-voz governamental Abdurahman Dinari, que se reuniu com os "senhores da guerra" no Palácio Presidencial. Cinco pessoas morreram e sete ficaram feridas nos arredores do edifício hoje em um confronto entre membros da segurança presidencial e combatentes de um poderoso "senhor da guerra", Mohammed Qanyare Afrah. Os "senhores da guerra" e o presidente puderam se instalar novamente na capital, após a expulsão das Cortes Islâmicas de Mogadiscio e pontos estratégicos do sul do país pelas tropas etíopes em 24 de dezembro. A insegurança reina em Mogadiscio desde 1991, quando o ditador Mohammed Siad Barre foi derrubado, o que emergiu o país no caos e na anarquia. Desde o início da semana, houve pelo menos quatro ataques contra as forças governamentais e seus aliados etíopes, onde mais de cinco pessoas morreram, segundo fontes médicas.

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