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EUA prestam homenagens aos veteranos da Guerra do Vietnã

Comemorações pelo 50º aniversário do conflito que dividiu a sociedade americana incluem atos para homenagear combatentes e tentar fechar as cicatrizes ainda abertas desde quando as tropas americanas se retiraram do Vietnã

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WASHINGTON - "Quando voltamos para casa, ninguém nos deu as boas-vindas", lembrou o ex-soldado John Smoot, que visitou na terça-feira o memorial dos mortos da Guerra do Vietnã (1955-1975), no dia em que os EUA homenagearam os veteranos de um conflito que dividiu a sociedade americana.

Dentro das comemorações pelo 50º aniversário da Guerra, que começaram em 2012 e acabarão em 2025, o Departamento de Defesa dos EUA homenageia os combatentes, a cada ano, no dia 29 de março, para tentar fechar as cicatrizes ainda abertas no dia em que as últimas tropas americanas se retiraram do Vietnã.

O secretário de Defesa dos EUA, Ashton Carter (dir.) e o secretário de Assuntos dos Veteranos, Robert McDonald (esq.), colocam uma coroa de flores no Memorial dos Veteranos da Guerra do Vietnã em Washington Foto: EFE/Michael Reynolds

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"Sinto-me muito melhor agora do que no início. Encontrei todos os meus amigos, os cinco. Nem sempre pude falar sobre isso, é bastante difícil. É a guerra", explicou Smoot, emocionado, ao terminar sua visita.

Ajudado por sua mulher e por um funcionário do Serviço de Parques Nacionais, que se encarrega dos memoriais no National Mall de Washington, Smoot toca com os dedos os nomes de seus amigos que morreram durante a guerra que os EUA foram incapazes de vencer, após perder mais de 58.200 jovens.

Em 1969, no auge da participação dos EUA, que tinha começado cinco anos antes, o Exército americano tinha mais de 500 mil soldados desdobrados no Vietnã, que, além de lutar contra as forças vietnamitas, enfrentavam as altas temperaturas da selva e as doenças contagiosas.

A televisão mudou para sempre o paradigma da guerra e mobilizou a opinião pública americana contra a intervenção, já que, enquanto o governo assegurava oficialmente que os EUA estavam avançando militarmente, as notícias contavam uma história totalmente diferente.

"Frank (Stanton), seus meninos acabam de zombar da bandeira dos EUA", disse o então presidente, Lyndon Johnson, ao presidente da emissora CBS depois que o famoso repórter Morley Safer explicou como um grupo de soldados havia incendiado com isqueiros 150 lares na aldeia de Cam Ne, matando mulheres e crianças.

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Os protestos se estenderam durante anos ao longo dos EUA a partir de 1964, desde manifestações violentas nas ruas a grandes mobilizações pacíficas, como a que reuniu 500 mil pessoas em Washington em 1971.

"A guerra acabou com muita dor", lembrou Gerome Karter, um aposentado de Cape Cod, no Estado de Massachusetts, que aproveitou sua viagem à Flórida para fazer uma parada em Washington e homenagear os veteranos.

"Nunca houve muito apoio às pessoas que lutaram lá. Muita gente pensou que não deveríamos ter ido. O fato é que as decisões políticas que tomamos precisavam de apoio, porque este é o tipo de país que temos, e este é o memorial que traz uma lembrança sobre essas decisões", acrescentou Karter.

Apesar de ainda existir algum debate sobre o dia em que os veteranos devem ser homenageados, a maioria dos Estados o faz em 29 de março, dia em que, no ano de 1973, os últimos prisioneiros de guerra retidos no Vietnã do Norte chegaram ao solo americano.

"A cada ano (entre 2012 e 2025) lembramos que faz 50 anos que nossos compatriotas serviram no Vietnã", afirmou Dean Mele, um porta-voz do Pentágono.

O secretário de Defesa, Ashton Carter, e o de Assuntos dos Veteranos, Robert McDonald, deixaram na terça-feira uma coroa de flores no memorial, que dispõe cronologicamente os nomes dos mortos americanos em uma guerra que, no total, causou a perda de 3 milhões de vidas. /EFE

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