EUA propõem acordo para manter cerca de dez mil soldados no Afeganistão

Plano de dois anos depende de o governo afegão assinar um acordo bilateral com governo americano

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Por Cláudia Trevisan e correspondente em Washington
Atualização:

WASHINGTON - O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou nesta terça-feira, 27, que pretende manter 9.800 soldados no Afeganistão após o fim do ano, quando as missões de combate das tropas americanas no país serão concluídas. Segundo ele, os dois candidatos que disputarão o segundo turno da eleição presidencial afegã no dia 14 de junho se mostraram inclinados a assinar o acordo de segurança bilateral que permitirá estender a presença militar dos EUA depois do fim oficial da guerra.

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Sem esse documento, Obama deixou claro que os soldados americanos não ficarão no país além de 2014. Atualmente, 33 mil militares dos EUA estão no Afeganistão. A maioria deixará o país até o fim do ano. Se forem autorizadas a permanecer, as tropas remanescentes terão a função de treinar as Forças Armadas do Afeganistão e participar de operações de combate ao terrorismo.

O atual presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, se negou a assinar o pacto bilateral e decidiu esperar a eleição de seu sucessor. Os dois candidatos que se enfrentarão no segundo turno - Abdullah Abdullah e Ashraf Ghani - se mostraram inclinados a ratificar o pacto os Estados Unidos.

A partir de 2015, os afegãos serão totalmente responsáveis por sua segurança, ressaltou Obama, dizendo que as tropas americanas não participarão mais de missões regulares em vilas e regiões tribais do Afeganistão. "Os americanos terão um papel de aconselhamento."

O número de soldados será reduzido à metade no fim de 2015, disse Obama. Um ano mais tarde, a presença dos EUA no Afeganistão seria limitada à embaixada e ao contingente necessário para prover segurança às atividades diplomáticas.

"Os americanos aprenderam que é mais fácil começar guerras do que terminá-las", declarou Obama. O fim das guerras no Iraque e no Afeganistão foi uma de suas principais promessas de campanha. A do Iraque chegou ao fim em 2011, quando todos os soldados americanos deixaram o país em razão da inexistência de um acordo bilateral que permitisse a permanência de tropas.

Iniciada há 13 anos, a guerra do Afeganistão é a mais longa da história dos Estados Unidos. Obama lembrou que quando assumiu o cargo, em 2009, havia 180 mil soldados americanos nos dois países. De acordo com o plano apresentado hoje, esse número será inferior a 10 mil no fim de 2014.

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"Neste ano, a mais longa guerra dos Estados Unidos chegará a um fim responsável", disse o presidente. Com a manutenção de tropas no país, os EUA querem evitar que se repita no Afeganistão o cenário vivido pelo Iraque, onde não houve entendimento para permanência de tropas americanas depois do fim da guerra. Nos últimos meses, o Iraque assistiu à insurgência de grupos ligados à Al-Qaeda, ao agravamento da violência sectária e à ameaça de o país mergulhar em uma guerra civil.

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