EUA propõem realização de referendo em Cuba

No referendo, que poderia ser supervisionado pela OEA, os cubanos decidiriam se querem mesmo ser governados por Raúl Castro

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Por Agencia Estado
Atualização:

O governo dos Estados Unidos propôs nesta sexta-feira que os cubanos realizem um referendo, que poderia ser supervisionado pela Organização dos Estados Americanos (OEA), para decidirem se querem mesmo ser governados por Raúl Castro, atualmente a cargo do país enquanto seu irmão, o presidente Fidel Castro, se recupera de uma cirurgia intestinal. A proposta foi apresentada pelo secretário de Comércio dos Estados Unidos, Carlos Gutiérrez, durante a Conferência das América, que ocorreu num luxuoso hotel em Coral Gables, cidade próxima a Miami. "Diria ao regime cubano: ´Por que não pergunta ao povo?´", disse Gutiérrez. "Por que um líder de verdade se mostraria inseguro de dar a voz ao povo?" "Deixem que os cubanos determinem seu próprio destino. É muito simples, fácil e (uma forma transparente) para que todo o mundo veja", afirmou Gutiérrez, que nasceu em Cuba, durante sua apresentação em inglês no encerramento da conferência. "O referendo seria uma vitória para a justiça social e para as pessoas." O secretário de Comércio sugeriu que a OEA poderia se envolver no referendo. Mais tarde, porém, falando em espanhol a jornalistas, esclareceu que "não é uma idéia ou capricho dos Estados Unidos", mas uma possibilidade que vem sendo "conversada com muitos países" há muito tempo. A OEA não se pronunciou de imediato sobre a proposta de referendo. Cuba não faz parte da OEA desde os anos de 1960, após Fidel ter chegado ao poder na ilha. Gutiérrez mencionou o exemplo de referendo ocorrido no Chile em 1988, no qual os chilenos votaram contra permanecer sob o regime militar de Augusto Pinochet. "Perguntaram (aos chilenos) se queriam uma ditadura ou não, e as pessoas disseram ´não´", afirmou Gutiérrez. "O Chile é um exemplo de como se pode fazer uma transição (...) de como as pessoas podem se beneficiar da democracia." Para Gutiérrez, "com certeza os cubanos querem esta transição (à democracia), sentimos que eles querem isto". Referindo-se a Raúl Castro, afirmou que "é simplesmente uma continuação de uma ditadura imposta em Cuba há mais de 47 anos (e) não há diferença" com Fidel Castro. No início de agosto, Fidel Castro entregou temporariamente a presidência de Cuba a seu irmão, após uma cirurgia intestinal. Atualmente, ele permanece em repouso por recomendação médica.

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