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EUA punem empresas que ajudam Coreia do Norte a burlar sanções

Ao anunciar medidas contra regime norte-coreano, Trump fala em ‘partir para a fase dois’, referindo-se a uma ação militar; analistas afirmam que, apesar da retórica, americanos tentam abrir caminho para diálogo

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Por Redação
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WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou nesta sexta-feira, 23, o que chamou de “as sanções mais pesadas já impostas” à Coreia do Norte. Ele afirmou que, se as medidas não funcionarem, terá de partir “para a fase dois”, em um aparente sinal de que pode recorrer a uma opção militar contra o país.

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Para esses eventos, Pyongyang costuma convidar vários jornalistas estrangeiros, o que também não aconteceu desta vez Foto: AFP PHOTO / KCTV

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As sanções implementadas pelo governo americano têm como alvo 56 companhias de transporte marítimo e navios que ajudam Pyongyang. Segundo especialistas ouvidos pela imprensa americana, as novas sanções são cuidadosamente projetadas para impedir que a Coreia do Norte venda ilegalmente mercadorias no mar, uma das últimas fontes de renda de Pyongyang. 

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Nos últimos anos, a Coreia do Norte conseguiu se manter e driblar as sanções por meio do comércio marítimo ilícito. Em vez de usar fronteiras terrestres, a Coreia do Norte usa navios para embarcar produtos em portos estrangeiros em países como China, Cingapura, Taiwan, Hong Kong, Ilhas Marshall, Tanzânia. Por meio dessas embarcações, descarrega exportações de carvão, ferro e frutos do mar em troca de petróleo e outros materiais. As novas medidas tentam impedir essa troca.

Em dezembro, um relatório do Instituto para a Ciência e a Segurança Internacional, um centro de estudos de Washington, revelou que 49 países violaram as sanções do Conselho de Segurança da ONU impostas à Coreia do Norte, entre março de 2014 e setembro de 2017. 

“As sanções vão dificultar significativamente a capacidade do regime de Kim Jong-un de realizar atividades marítimas evasivas que facilitem o transporte ilícito de carvão e combustível, e prejudicar suas habilidades para enviar mercadorias através de águas internacionais”, afirmou o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, em comunicado.

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Nova estratégia. As medidas também são um sinal da “estratégia da Casa Branca de tentar resolver o impasse nuclear com a Coreia do Norte por meio de conversações diretas com Pyongyang, bem como por meio de medidas econômicas destinadas a enfrentar o regime de Kim Jong-un”, escreveu em seu blog Bruce Klingner, especialista em Coreia do Norte do centro de estudos Heritage Foundation. 

Os primeiros sinais da nova abordagem chegaram há duas semanas, quando o vice-presidente Mike Pence agendou uma reunião secreta com altos funcionários do regime norte-coreano. Pyongyang cancelou a reunião apenas algumas horas antes do encontro, mas Pence deixou claro que o governo estava aberto para conversas.

Apesar da retórica militar de Trump, analistas acreditam que as sanções são mais um passo na aposta pela diplomacia. “As medidas servem para aumentar gradualmente a pressão sobre a Coreia do Norte”, disse ao Washington Post Patrick Cronin, do Center for a New America Security. “A estratégia deve ser uma pressão progressivamente crescente, e não um golpe repentino e desestabilizador.” / AFP, W.POST e NYT 

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