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EUA querem de volta material retido na Argentina

Buenos Aires critica Washington por não declarar armas, drogas e equipamentos que seriam usados em treinamento e foram confiscados em avião

Atualização:

BUENOS AIRESO incidente diplomático causado pela retenção de uma carga do governo americano considerada ilegal pela Argentina intensificou-se ontem. Criticando com contundência membros do Departamento de Estado dos EUA, o chefe do Gabinete do governo Cristina Kirchner, Aníbal Fernández, reforçou a intenção de Buenos Aires de destruir o material apreendido. Washington exige sua devolução imediata.No dia 10, autoridades argentinas encontraram "armas e drogas, várias doses de morfina, material para interceptar comunicações, GPSs muito sofisticados, elementos tecnológicos com códigos secretos e um baú cheio de medicamentos vencidos" em um cargueiro C17 da Força Aérea americana. Segundo Washington, tudo seria usado em um treinamento que seus militares dariam para a Polícia Federal argentina durante a visita ao país. Buenos Aires, porém, alegou que os americanos não haviam declarado que entrariam no país com o material, que acabou apreendido ao chegar no Aeroporto de Ezeiza. Arturo Valenzuela, subsecretário de Estado dos EUA para a América Latina, e Frank Mora, responsável do Pentágono para a região, exigiram sua devolução. O governo americano classifica o incidente como "sério" e declarou ter ficado "perplexo e preocupado" com a situação.Os últimos dias foram de negociações. "Valenzuela continua com declarações pouco felizes. Diz: "Havíamos conversado com o governo argentino". Aqui não tem de se conversar nada. É necessário escrever e assinar sobre o que ingressa no país", disse ontem o chefe da Casa Civil argentino. "Mora até chamou de mentiroso nosso chanceler (Héctor Timerman) e espero que o Departamento de Defesa (americano) o obrigue a pedir desculpas", concluiu Fernández.A alfândega argentina viu o incidente como uma "infração aduaneira" e não como um delito penal, informou ontem o jornal Clarín. A presidente Cristina Kirchner estimulou a população argentina a defender a "soberania nacional". "Sabem qual é a verdadeira soberania? Defender os interesses do país", disse. O incidente esfria ainda mais as relações entre Argentina e EUA, já abaladas pela decisão do presidente americano, Barack Obama, de não passar por Buenos Aires em sua viagem à América Latina, marcada para a segunda quinzena de março. / AFP, EFE e REUTERS

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