EUA querem inspeções mais "agressivas" no Iraque

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo americano está pressionando o Conselho de Segurança da ONU para que imponha um ritmo mais "agressivo" nas inspeções de armas de destruição em massa no território iraquiano, por meio de vistorias múltiplas e simultâneas. Dessa maneira, os Estados Unidos esperam reduzir a possibilidade de o presidente do Iraque, Saddam Hussein, ocultar seu arsenal. Os EUA consideram que não há número suficiente de peritos da ONU no Iraque e o tipo de vistoria que estão realizando não é suficientemente variado, disse um alto funcionário americano à TV a cabo CNN. Segundo a fonte, a conselheira de Segurança Nacional, Condoleezza Rice, entregou essa mensagem ao chefe dos inspetores da ONU, Hans Blix, numa reunião que mantiveram na segunda-feira. "Queremos ter certeza de que as inspeções da ONU são agressivas o bastante para apurar os fatos sobre um adversário que, no passado, fez o que estava a seu alcance para esconder tudo", disse o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer. "Se os inspetores no fim das contas vão ser capazes de contestar qualquer mentira dos iraquianos, isto ainda é algo que terá de ser verificado." A maior preocupação da administração George W. Bush, porém, é com as verificações que serão realizadas depois de domingo, quando termina o prazo dado pelo Conselho de Segurança da ONU ao Iraque para que apresente a relação das armas químicas, biológicas e nucleares em seu poder. O governo iraquiano informou que entregará essa lista no sábado, mas hoje voltou a enfatizar que não tem esse tipo de armamento. Para os radicais da administração Bush, se o Iraque insistir que não tem armas de extermínio e os inspetores depois encontrarem evidências de que as possui, isso já será motivo para uma intervenção militar. Hoje, porém, o subsecretário de Defesa, Paul Wolfowitz, afirmou, durante visita a Ancara, que a declaração iraquiana não iria por si só motivar uma decisão americana sobre uma ação militar. "Estou bem certo de que ele (o presidente Bush) não vai tomar uma decisão simplesmente com base em uma única parte da informação", disse. "Ele vai manter consultas próximas, particularmente com nossos aliados e a comunidade internacional." ?Resultados? Em Bagdá, o líder da equipe de inspetores, Demetrius Perricos, garantiu que "está conseguindo resultados". Entre outras coisas, ele informou que uma inspeção de cinco horas nesta quarta-feira, numa instalação no deserto, especialistas encontraram cerca de uma dúzia de projéteis de artilharia iraquianos - que sabia-se de antemão que estavam lá - contendo uma poderosa arma química, o agente mostarda. A equipe de Perricos fez uma visita de surpresa à instalação-chave e a um centro do antigo programa de armas nucleares do Iraque, locais que foram bombardeados, vasculhados e desmantelados na década de 90, durante as inspeções anteriores. Os inspetores de hoje queriam ter certeza de que Bagdá não havia reativado os programas de armas nos locais e que os projéteis ainda se encontravam lá. O Ministério de Relações Exteriores iraquiano criticou hoje a inspeção feita ontem no palácio presidencial Al-Sajud. Os iraquianos acusaram os inspetores de "maus modos". "Será este o começo dos maus modos, que retoma a atmosfera que reinava entre as equipes de inspeções anteriores?", disse o ministério num comunicado divulgado pela agência INA. Autoridades iraquianas, entretanto, garantiram que não irão bloquear visitas da ONU a outros palácios.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.