EUA querem que acordo nuclear China-Paquistão seja avaliado

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Uma autoridade dos EUA sugeriu nesta quarta-feira que o chamado Grupo de Fornecedores Nucleares (NSG, na sigla em inglês), composto por 46 países, avalie o plano chinês de construir dois novos reatores nucleares no Paquistão, um dos poucos países que não participam do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP). As declarações de Thomas D'Agostino, subsecretário dos EUA para Segurança Nuclear, ocorreram um dia depois de a China indicar que pode não ver necessidade de buscar aprovação do NSG para o projeto no complexo nuclear paquistanês de Chasma. A China participa desde 2004 do NSG, criado há 35 anos para assegurar que exportações de material nuclear não sejam desviadas para fins militares. o governo chinês disse na terça-feira que seu contrato para a construção dos novos reatores no Paquistão, um país que tem armas nucleares, remonta a 2003, antes, portanto, da adesão chinesa ao NSG. A cooperação militar China-Paquistão preocupa os governos dos EUA, da Índia e de outros países porque o Paquistão é politicamente instável e com histórico de difusão clandestina de tecnologias de armas nucleares. Esses países temem também a criação de possíveis exceções nas regras de não-proliferação nuclear. Em 2008, a China e outros países apresentaram restrições a um acordo de exportação de material nuclear dos EUA para a Índia, que acabou sendo aprovado pelo NSG. A exemplo do rival Paquistão, a Índia também tem armas nucleares e não participa do TNP. Questionado por jornalistas durante uma reunião da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), em Viena, D'Agostino disse que não gostaria de entrar em detalhes, mas acrescentou: "Procuramos envolver a China nessas questões particulares (...), meu foco é usar o marco dos mecanismos que temos no Grupo de Fornecedores Nucleares." "Vamos usar todas as ferramentas que temos nesse fórum (o NSG) para tratar de arranjos nucleares específicos que sejam feitos, seja (envolvendo) China, Paquistão ou uma variedade de outros países." Além de Índia e Paquistão, só a Coreia do Norte e Israel não participam do TNP, instituído há 40 anos para evitar a proliferação de armas atômicas. A chancelaria chinesa disse na terça-feira que o país convidou a AIEA a supervisionar o projeto no Paquistão, e D'Agostino se mostrou favorável a que "todos os reatores envolvidos em usos civis estejam sob salvaguardas da AIEA". Mas um diplomata familiarizado com os procedimentos da agência disse que caberia ao Paquistão, e não à China, propor esse envolvimento. (Reportagem de Fredrik Dahl e Sylvia Westall)

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