EUA querem que Brasil dê imunidade a seus soldados no TPI

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Por Agencia Estado
Atualização:

A embaixadora dos Estados Unidos no Brasil Donna Hrinak, admitiu hoje (04) que o governo americano está negociando com o Brasil e outros países acordos bilaterais para garantir a imunidade aos soldados americanos em possíveis processos no Tribunal Penal Internacional (TPI). Hrinak afirmou que o tema faz parte da agenda bilateral com o governo brasileiro e que Washington espera obter avanços nessas discussões ainda no mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso. "É certo que estamos tentando chegar a acordos, com base no artigo 98 do tratado (que criou o tribunal). Estamos negociando com muitos países do mundo. O Brasil é um dos países", afirmou Hrinak. "Apresentamos nossas idéias para o governo brasileiro. Estamos em discussões, como parte da agenda bilateral. Vamos fazer o progresso que pudermos nos últimos meses deste governo" completou. Hrinak deixou claro que não se trata de uma missão apenas de sua embaixada, mas que os Estados Unidos estão movendo praticamente todos os seus postos no exterior para conseguir a imunidade a suas tropas. O governo americano foi um dos poucos a se opor à criação do Tribunal, que começou a funcionar em 1º de julho deste ano. Conforme divulgou ontem a AE, recente relatório da Anistia Internacional informa que Washington está pressionando pelo menos 60 países para que assinem esse acordo, entre os quais o Brasil. Fontes do Itamaraty completaram que o governo brasileiro considera essa iniciativa como uma forma de limitar o alcance do TPI. A embaixadora argumentou que "há falhas enormes" no tratado que previu a criação do Tribunal, que será responsável por julgar crimes contra a humanidade e de guerra e genocídios. Em seu ponto de vista, um deles seria o fato de o TPI não estar subordinado a nenhuma organização ou mesmo ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) - no qual os Estados Unidos têm, além de poder de veto, forte influência nas decisões. Entretanto, o governo americano teme também que suas ações militares de combate ao terrorismo levem seus soldados ao banco de réus desse Tribunal.

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